UM LIVRO DO QUAL GOSTEI MUITO
O BALÉ DA CHUVA
Autora: MARILZA CONCEIÇÃO
Ilustradora: Alessandra Tozi
A
casa de madeira e de janelas azuis, rodeada de trinados e dos aromas do
quintal, dorme. Noite de temporal. Noite trovejante. Uma menina acorda
assustada. Uma mulher, na cozinha, diante da janela, recorda as chuvas da
infância e os cheiros da chuva. Um encontro mágico acontece entre as duas.
Já
é poético desde a primeira página, e não poderia ser de outra forma: Uma menina
e sua mãe numa noite de tempestade.
A
chegada da chuva, anunciada pelos sinais, é de encher os olhos da alma. O
bailado do vendo curvando as árvores, o assovio, os objetos do quintal, caindo,
promovendo onomatopeias. E a contadora de história nos resgata isso tudo,
quando mostra para uma menininha o que de fato precisamos ver e saber.
Na
narrativa uma dualidade é lançada ao leitor: sentir e pensar. Qual a deveras
importância de cada um? As coisas tomam formas, em pensamento e nos sentidos,
com o aparecimento da menina assustada com a chuva.
Então,
acontece: mãe e filha sentadas num degrau, e a chuva vira música. As gotas
bailam, há uma orquestra, é a orquestra da chuva. Tem até um teclado!
Qual
a nota mais grave? Qual o instrumento mais vigoroso? A chuva já faz parte de
uma história de vida, de um encontro único, na raridade de corações que se
aconchegam, que se abastecem. História repleta de delicadezas onomatopaicas.
Tem
que apurar os sentidos, tem que sentir a beleza da orquestra, de cada
instrumento, sentir que a chuva lava o telhado.
Eis o que esse encantador livro me mostrou.
Abriu-me
a ópera da chuva. Se não sabem, crianças, a chuva tem o seu cantor.
Quis aqui repartir a alegria e a felicidade da
leitura desse livro. Um referencial para quem busca a doçura poética que está
presente no mundo, nas coisas que são, nos acontecimentos que a pressa moderna
deixa escapar, na singeleza e na cortesia da vida.
Estive diante do registro de um encontro que me
aqueceu o coração de leitor.
As ilustrações, beleza azul.
Quem quiser conhecer a obra, deve entrar em
contato direto com a autora. A mãe.
MARCIANO VASQUES
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