O EQUILÍBRIO UNIVERSAL
Talvez
comam tanta massa os italianos porque o país seja aquático. A
natureza sobrevive pelo equilíbrio. Ele é o responsável pela
“perseverança universal”. Todos os ingredientes de um organismo
estão presentes na infinitude do universo.
O
equilíbrio é a fonte inesgotável da sobrevivência. Isso se aplica
aos relacionamentos. O respeito é o seu mediador. Não se abusa de
uma amizade.
Também
é aplicável ao planeta. Como o homem, a partir do XX, passou a
interferir no equilíbrio planetário devastando verdes, promovendo
queimadas, derramando óleo em esmeraldas, a reação já se faz
notar, na confusão climática, no desgoverno da natureza...
A
própria interferência no fator tempo, necessário ao bem humano,
trouxe prejuízos sem retorno.
A
pressa assumiu um vulto inesperado, o tempo tornou-se armadilha
contra a paz individual, os coletivos caóticos metropolitanos
perderam a sobriedade contemplativa. O homem cismou de enlouquecer
Crono.
O
hábito do relógio mecanizou-se. A tecnologia não conseguiu ainda
resolver a necessidade inerente ao humano, de paz, mansidão e
serenidade.
Insatisfeitos
lazeres foram inventados como paliativos, ou sedativos para a dor da
gregária vida em solidão.
Com
o rompimento do equilíbrio e a interferência brusca no tempo, o ser
ausentou-se, não mais está presente à mesa, e o sentido da busca
afastou-se imperceptivelmente, dissolvendo-se no cotidiano dos
fugazes quereres.
Presente
à mesa significa reencontrar-se na conversa.
Ausente,
o ser não se deu conta da decomposição da alma, e também não
percebeu que a intransigência do tempo corrói a sua essência.
Sem
saída, caiu nas garras assustadoras do “ter”.
Aceitou
passivamente a sua “única condição”, a de consumidor, que lhe
é ofertada como substituição da felicidade, como o ilusório que
satisfaz. O acúmulo de bens materiais desvinculou-se do
“necessário”.
Desprezando
as leis universais e naturais de equilíbrio, presentes em seu
próprio organismo e em sua própria alma, agiu em conformidade com
os ditames industriais, que o levou à tecnologia do conforto inútil,
ou seja, em plena avenida Paulista, solitário na multidão, pode
receber uma foto em seu celular, mas a tecnologia não conseguiu
trazer as soluções das suas necessidades básicas, entre as quais:
desvincular-se da tirania do tempo, e restabelecer o olhar calmo como
a lua no alto, como o salto do gafanhoto riscando o azul.
A
tecnologia maravilhosa ainda não faz sentido na vida humana, tal
como deveria, pois convive com a sua miséria e a falta de paz na
alma, frutos do desequilíbrio presente em todos os “universos”
da vida: o social, o natural, o político e o universal.
Nenhum comentário:
Postar um comentário