sábado, 10 de agosto de 2019

HOMENAGEM AOS PAIS ( CAUSOS AGUDENSES)


SAIA JUSTA

               Nos finais de tarde, eu me sentava com meu pai, "seu" Lano (Hercules Sormani) na varanda da nossa casa, na rua 13 de maio, em Agudos, de frente para o velho e belo coqueiro, estrela maior do quintal. Dali, também podíamos avistar o Grupo Escolar Coronel Leite, onde eu e meus irmãos estudamos. Falávamos sobre pessoas queridas, fatos recentes e de vez em quando, surgiam recordações antigas. Era o meu momento preferido. Certa tarde, enquanto anoitecia e meu pai tirava baforadas do seu cachimbo de estimação, comentei que um primo iria se casar e a festa seria numa fazenda nos arredores da cidade. Meu pai sorriu e começou a relatar, `a sua maneira, pausadamente, os apuros passados muitos anos atrás, quando era jovem e recém-casado.
          Certa vez, meu pai foi convidado para  almoçar numa fazenda que ficava no distrito de Paulistânia, hoje município, próximo à cidade de Agudos. E lá  foi ele, em companhia de um amigo, dirigindo seu pequeno caminhão, pelas estradas de terra. Naquela época, o asfalto ainda não havia chegado por aquelas bandas.
       Pra quem não sabe, lá no interior, o sortudo que é convidado pelo dono da fazendas para um almoço, pode se preparar pra comer bem...e muito. A mesa é farta, a bebida é de qualidade, a companhia é agradável e divertida. A música, geralmente, é  executada pelos violeiros da região. Todos esses fatores conspiram para que o convidado se empanturre, porque senão, corre o risco de aborrecer o anfitrião. Bem, depois de comer e beber, beber e comer, enquanto o companheiro de viagem ficou à mesa, proseando, "seu" Lano resolveu movimentar as pernas e anunciou que iria dar um passeio pelas redondezas.
- Não vá muito longe - avisou o o fazendeiro. Daqui a pouco vamos servir o café!
     E assim, meu pai foi caminhando, admirando a natureza, ouvindo os pássaros e aos poucos, foi se distanciando da casa da fazenda. O sol do início da tarde queimava no lombo e ele olhou ao redor, procurando onde se abrigar. Viu, a poucos metros, uma grande e majestosa jaqueira, já com os frutos despontando e para lá se dirigiu. Sentia-se sonolento pela caminhada, o calor e também pelo excesso de comida. Notou que ao redor da árvore havia cinco pedras de formato arredondado, faiscando ao sol. Sob a jaqueira havia uma boa  e convidativa sombra e daí, ele se sentou no chão, encostando-se no tronco da árvore.  Fechou os olhos e tirou uma deliciosa  soneca. Meia hora depois, despertou, incomodado por um som que parecia um guizo... 
       - Nossa!  Isso tá parecendo guizo de cascavel - falou consigo mesmo, preocupado.
        Olhando em volta, constatou que algumas das tais pedras arredondadas e faiscantes  haviam mudado de lugar, aproximando-se dele. Meu pai, já livre do sono, firmou a vista  e viu, claramente, que havia tirado uma soneca em companhia de cinco cascavéis. Quem sabe, elas também teriam exagerado no almoço e ali estavam, descansando, para fazer a digestão.
Com as pernas trêmulas, "seu"Lano criou coragem e se levantou, lentamente, para não acordar as cascavéis...
      Nem é preciso dizer que ele chegou, afobado e apavorado à casa do fazendeiro, que já estava à mesa do café, aguardando pelo convidado. Bem que ele tentou relatar o acontecido... Mas, ninguém quis acreditar e ainda caçoaram dele à moda caipira:
 - Conta ôtra, cumpadi! Essa foi demais da conta!


Regina Sormani  (Causos agudenses)

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segunda-feira, 9 de outubro de 2017

II Salão do Humor do ABCB

Caros amigos!

Participamos, Marchi e eu, dia 21 de setembro de 2017, da abertura do II Salão do Humor do ABCD, no Shopping Pça da Moça, em Diadema, com nosso personagem PECEZINHO, O PEQUENO CORRUPTO. Seguem fotos do evento.


























Pecezinho, o Pequeno Corrupto, expulso do seu planeta natal, viajou durante muito tempo pelo espaço, para finalmente chegar ao Brasil, mais precisamente em Brasília, o centro do poder.
Desde então, tem aprontado todos os tipos de "maracutaia"sempre acompanhado da sua malinha preta recheada de grana.



terça-feira, 11 de julho de 2017

ABC do Beabá Nordestino de Mônica Jogas



Recebi, com muita alegria o belo e emocionante livro da escritora  Mônica Jogas, ABC do Beabá Nordestino, ilustrado por Edmilson Linhares e publicado pela Editora Abrace. Parabéns, querida  e talentosa amiga!
Seguem versos relativos à letra Q, que me tocaram profundamente. Forte abraço!

Regina Sormani

Q - QUIMERA


Eram muitas as quimeras
Que aquele povo trazia
Trabalho, dor e miséria
E nada de alegria

Eram escravos do tempo
Que insistia em passar
Seu único passatempo
Era ouvir poetizar

Mônica Jogas

quinta-feira, 6 de abril de 2017

Sampa que amamos - Sampoema 6

Virado à Paulista

A mais feminina
de todos os predicados masculinos:
grande, forte, colossal, imponente,
valente,
começa no embalo do paraíso
e acaba em braços augustos e angelicais,
desdenhando com seu jeito solene
os enormes arranha-céus
que fora do tom e do traço
competem com os deuses
pela ocupação do espaço.

Esta paulistana
de quatro costados
de quatrocentões, mansões e muitas razões,
oferece seu leito
e abre seu peito
impávida e democrática
para todos os prazeres,
todos os pés,
todas as raivas,
todas as alegrias,
todas as crenças,
todos os sexos,
todos os protestos.

Uma dona de história
que preservam tombada
tão cheia de brios, eiras e beiras,
uma arquitetura variada
de distraídas linhas retas
e merecidas linhas curvas
que se tocam paralelas
para o bem e para o mal
num orgulhoso cartão postal.

Avenida preferida,
eleita por votos sem coronéis,
não se curva à mediocridade dos painéis.
Velha de estrada,
recapeada pelo charme adolescente,
não aceita adágio
nem se rende a pedágio
e sabe de tudo
dos antigos festivais
aos novos carnavais.

Retrato colorido
em sépia, preto e branco,
faz ofertas de encanto:
a descida da Pamplona,
a subida da Augusta,
o cheiro umedecido do Trianon
- ah! é tão bom! -
a naturalidade juvenil do prédio da Gazeta,
o Conjunto Nacional,
da Casa das Rosas o perfume natural,
o cruzamento da Brigadeiro
e o vão livre do Masp.

E, nesse roteiro,
se mais é pedido,
tanto mais é oferecido:
o olhar mordido de dor
de boletos bancários
que se misturam com bilhetes de amor,
a fome de quem ama
com a raiva de quem deve,
a pressa de quem quer
com a saudade de  quem já era,
o sorriso de quem ganhou
com a paciência de quem espera,
o fogo de quem sonha
com as cinzas de quem beijou.

Um virado à paulista
assim é a paulistana avenida,
noite e dia de constâncias
das inconstâncias de todos os brasis.

Uma alma acelerada
que a todos encanta e acalma. 





Edson Gabriel Garcia

domingo, 1 de janeiro de 2017

Salve 2017!!!


 (pau- brasil)


Minha gente querida!

Desejo a todos um Novo Ano de muita Prosperidade, com Paz e Amor.
 Beijos,
Regina Sormani

quarta-feira, 23 de novembro de 2016

Sampa que amamos - Sampoema 5

INCÓGNITA CENTRAL
ou RODAPÉ DA VIDA 
ou NOTÍCIAS DO CENTRO


Zeca, 
que morava na escadaria da Catedral da Sé,
sonhava com a Norma,
que rodava bolsa na Praça da República
e pedia pensão ao maluco do Raul,
aquele que vendia bitucas no rodapé da Cracolândia
e que dava a vida por um beijo da Maria Antonia,
que implorava trabalho,
em cartas de baralho,
distribuídas com olhar choroso 
no Vale do Anhangabaú.

Pedro Paulo,
que não tinha nada a ver com nenhum deles
e só queria saber dos filmes eróticos
do cinema da famosa Rua Formosa,
tomou um fogo e foi preso por ficar nu
na frente do solene e decadente prédio do Correio.


Edson Gabriel Garcia


segunda-feira, 21 de novembro de 2016

Biblioteca Orígenes Lessa de Lençóis Paulista SP

Meus caros amigos,

Dia 03 de novembro, participamos, Marchi e eu, do VIII FESTIVAL DO LIVRO  de Lençóis Paulista, no interior do estado e aproveitamos para  conhecer a linda BIBLIOTECA ORÍGENES LESSA, que recebeu o nome do escritor, nascido na cidade.  Lençóis é conhecida como a CIDADE DO LIVRO. Vale a pena conhecer!
Bjs,
Regina Sormani