domingo, 27 de junho de 2010

Um livro do qual gostei muito

Queridos aeilijianos,

Nossa associada Rosana Rios comenta o livro de Caio Riter: "As Luas de Vindor".
Agradeço a participação.

Boa leitura a todos!

Um grande abraço,
Regina Sormani



As Luas de Vindor
Caio Riter
São Paulo: Ed. Biruta, 2010

A princesa Olívia não sabe que sua vida irá mudar. Seu pai, o Rei, está agonizante. E sua morte acontecerá bem na época em que as três luas de Vindor entrarão em alinhamento, o que poderá propiciar a fuga das terríveis Criaturas atrás do Espelho, que sofrem o castigo do banimento há décadas.
E há traidores no reino: a princesa saberá disso, mas não saberá em quem confiar. Orientada pelo Sábio, ela será a única pessoa capaz de se desincumbir de uma missão terrível e impedir a maligna Bizarra e seus aliados de causarem a ruína completa de tudo que seu pai construiu.
Com medo, mas com determinação, Olívia terá de abandonar tudo – o palácio, o Sábio que a aconselha, o amor pelo amigo de infância, e transpor as barreiras do Espelho. A jornada a levará a um mundo perigoso em busca de certa Chave; encontrará aliados entre os seres da floresta e será implacavelmente perseguida. Terá forças para aguentar a dor e as provações, além de descobrir quem tramou a morte de seu pai e a destruição de sua terra?
Caio Riter compõe com sua prosa concisa e poética esta novela fantástica, utilizando arquétipos ancestrais em novas combinações. É com um tremendo prazer que experimentamos a riqueza da linguagem do autor e mergulhamos na busca de Olívia pelo salvamento de seu povo, que vai levá-la ao descobrimento de si mesma, de suas fraquezas e forças, e – mesmo à custa de tremendas desilusões – a uma compreensão maior de seus próprios sentimentos .
Está de parabéns a editora Biruta por abrir espaço ao fantástico em seu catálogo, um gênero que possibilita aos escritores o exercício daquele maravilhoso “E se?...”
E se tudo fosse diferente?... E se existirem outros mundos, outras dimensões, outras formas de magia e perigos tenebrosos?... E se esses mundos paralelos nos mostrarem formas encantadas de abordar nossos próprios conflitos e dificuldades?
Parabéns também ao autor, o talentoso e premiado Caio Riter, do Rio Grande do Sul, por nos trazer nesta história cheia de significados ocultos a deliciosa jornada de uma heroína que falará fundo ao coração de cada leitor.
Como diz a quarta capa do livro: Seguir lendo é aceitar o convite de Olívia. Eu já aceitei. E você, tem coragem?


Comentário de Rosana Rios

sexta-feira, 25 de junho de 2010

PÉ DE MEIA LITERÁRIO 10

PÉ DE MEIA LITERÁRIO (10)

Aqui e ali, as fundações, espalhadas por todo o país, com uma ligeira concentração na capital paulista, contribuem para a formação de novos leitores, desenvolvendo neles o gosto pela leitura bem como a melhoria das habilidades/capacidades de leitura, como é o caso do programa FURA BOLO, da Fundação Cargill, criado em 1999. O programa abrange cerca de dois mil educadores de 137 escolas, de 18 cidades espalhadas em oito estados.

Do programa, conheço a Denise Cantarelli, que é gerente da equipe que toca o trabalho, e a Kátia Karam Gonzalez, consultora pedagógica. Conheço mais de perto e há mais tempo a Kátia, desde a época em que trabalhávamos no ensino municipal paulistano em projetos variados de formação de leitores e escritores.

O trabalho proposto pela Fundação Cargill, assessorado pela Kátia, é muito interessante. Começa lá onde deveriam começar todos os trabalhos de educação: formação dos educadores. É formando educadores, que gostam de ler, que certamente o resultado aparecerá: alunos leitores. Depois de uma formação inicial, o trabalho continua com a abordagem de temas variados e atividades dinâmicas que favoreçam a reflexão, sempre na perspectiva de colocar o livro na mão do leitor.

Temas como “diversidade de gêneros, textos com imagem e sem imagens, contação de histórias, abordagem das capas dos livros, leitura diversificada e atividades lúdicas a partir dos textos lidos” fazem parte do cotidiano das crianças e jovens leitores envolvidos no programa. O programa Fura Bolo é mais amplo do que este meu registro breve e avança por outras áreas, como o resgate da cultura local e tradicional.

Além do que escrevi anteriormente, a fundação também publica um jornal, trimestralmente, com matérias curtas, mas bastante interessantes, que contribuem para a formação do nosso pé de meio literário. No último número, abril-maio-junho/2010, traz, por exemplo, um depoimento do sempre atuante professor e escritor Douglas Tufano e uma entrevista com a Denize B.S.Carvalho, psicóloga e livreira, uma das sócias e mentoras da deliciosa Casa de Livros, que já foi matéria dessa coluna. E traz também, mais uma vez, a coluna Cantinho da Leitura em que a Kátia faz resenhas de alguns livros de nossa rica literatura infantil e juvenil.

Bem...programas como esse Fura Bolo e atuação como a da Kátia são ações que, certamente, fazem muito pela leitura, pela literatura, pela formação definitiva de educadores que gostem de ler e possam ensinar esse gosto e essa condição aos nossos futuros leitores do presente. Ações e atuações como essas são definitivas na construção do nosso pé de meia literário.

Sampa, junho de 2010

Edson Gabriel Garcia

(Escritor e educador)

quarta-feira, 23 de junho de 2010

QUINTAS - 17


SARAMAGO



Ouvi a sua voz. Eu estava num deserto, talvez, ou num sonho. Mas hoje, um dia de triste notícia, compreendi que a vida se renova a cada amanhecer, a cada final de entardecer.
As árvores que passam, as folhas a se despreenderem, o pólen lançado na ventania executando valsas invisíveis para os olhos embotados de cotidianos. Plantas percorrendo distâncias em suas genealogias poéticas e verdes. Plantas que atiçam sorrisos sob a chuva leve.
A vida se renova. O que morre renasce, e esse é o mistério. Renasce noutros corpos. A ideias serpenteiam num fluxo lampejante cobrindo de verbos as almas que almejam embelezar o mundo. O pensamento vaga e voa, sobre capinzais, bambuzais e varais.
A vida se renova. O que morre renasce noutros sonhos, germina, e morre para renascer.
Seu nome há de ser pronunciado em aldeias, em vilarejos, em acordes, em rabiscos, e será esquecido e relembrado e você estará presente no ciclo das palavras doces e esfomeadas.
E seu rosto será redesenhado com toda candura, todas as chuvas leves, toda a doçura, e a meiguice tardará, e virão temporais, e arrogâncias, e novos quebrantos, e sinas serão passageiras nas vidas insensíveis e nas transbordantes, e sinos badalarão. E temporais de incertezas, de amarguras, de rotinas estéreis...
E a louça, o vidro, o odor das flores banais, das orquídeas efêmeras, e das flores inesquecíveis, e o café requentado, a sopa quente, o pão saboroso saciando a fome, as calçadas...
E o cacto, e a fragilidade de miosótis, e dirão: aquele que ganhou o Nobel, e o seu idioma sobreviverá e se fortalecerá com o sangue pulsante nas feiras, nos mercados, nas gôndolas, nos mocambos, nos barcos, nas festas, nas estações ferroviárias, nos amantes nos quartos de motéis, nos encontros casuais, nas crianças correndo, rompendo o vento, abrindo passagens, rasgando capinzais, saltando valetas, cortando canaviais como vultos incandescentes faiscando em cerrações, em neblinas.
E só por uma gota de orvalho deslizando suavemente na folha lisa, e só pela fumaça do forno, pela poeira nos olhos, pelo manjericão exalando seu frescor, e só pela lentidão das azaléias, só por essas coisas, valeram as suas palavras.


MARCIANO VASQUES


terça-feira, 22 de junho de 2010

Reunião na CBL em 21 de Junho de 2010



Enviamos uma carta, à presidenta da CBL, sra Rosely Boschini, solicitando um espaço no stand coletivo a ser montado por aquela entidade durante a Bienal do Livro. Abaixo, o texto na íntegra. Continuando a matéria, postamos foto e resultados da reunião.


Ilma. Sra. Rosely Boschini
Presidenta da Câmara Brasileira do Livro

A Associação dos Escritores e Ilustradores de Literatura Infantil e Juvenil, como é do conhecimento de todos os envolvidos no mercado editorial, tem participado, na medida de sua possibilidade e disponibilidade, de todos os eventos ligados à literatura infantil e juvenil, quer seja na discussão de políticas públicas, quer seja na divulgação desta arte, do livro e de seus profissionais.
Neste sentido, a aproximação da Bienal do Livro de São Paulo, brilhantemente organizada, há décadas, por esta competente Câmara, é motivo de satisfação para todos os nossos associados. Nossa satisfação será maior ainda se pudermos participar do evento, não só como autores e ilustradores nos stands de suas respectivas editoras, mas como instituição de porte nacional com um stand próprio.
Como, no momento, ainda não dispomos de autonomia econômica para bancarmos nosso próprio stand, solicitamos a esta prestigiada casa que seja analisada a possibilidade de algum espaço que nos seja cedido.
No aguardo da resposta, nos despedimos enviando forte abraço de consideração e, mais uma vez, reforçando nossos votos de congratulação pela qualidade do trabalho desenvolvido por vossa senhoria à frente desta Câmara.

São Paulo, 08 de junho de 2010
Regina Sormani -Coordenadora Regional- AEI-LIJ SP
Edson Gabriel Garcia –Conselho Consultivo-




Olá pessoal!

Temos ótimas notícias:

Estivemos ontem, dia 21 de junho, Edson Gabriel e eu, na Câmara Brasileira do Livro de São Paulo, numa reunião com o sr. José Henrique Grossi, o coordenador geral da Bienal 2010.
Fomos iniciar as tratativas para que a AEI-LIJ participe, ao lado de outras entidades, tais como UBE, ANL, BDL, do espaço coletivo oferecido pela CBL, durante a Bienal. Felizmente, obtivemos êxito nas nossas solicitações.
Ficaremos em contato permanente com o sr. Grossi que nos assegurou que após o término da copa, em julho, tudo será agilizado.

Um grande abraço,

Regina Sormani

quinta-feira, 17 de junho de 2010

QUINTAS - 16

Marciano Vasques
  

O CINE IPIRANGA FECHOU
 
 
 

Numa friorenta tarde lá estive suportando uma fila imensa que invadia a calçada. Estava com duas crianças para assistir "As Tartarugas Ninjas". Foi a última vez que fui ao Cine Ipiranga.

A multidão daquele dia não deixou que eu pudesse mostrar para a Daniela e para o Danilo a beleza arquitetônica do cinema.

Entrei diversas vezes naquele salão com 1030 lugares. Passei a minha adolescência indo aos cinemas. Lembro das vezes em que a mãe dava dinheiro para que eu pudesse comer nos dias em que ia ao centro procurar um trabalho. Eu gastava o dinheiro com o cinema. Assisti aos bons filmes assim. Doutor Jivago, e também aos filmes do Zé do Caixão, personagem que se não fosse original do Brasil seria por demais valorizado, apesar da minha recente decepção. Não uma decepção solitária dentro de um cinema, pois nos mesmos dias também assisti ao filme "O Menino da Porteira".

Não comia nada, nem um churrasco grego, e tampouco procurava serviço, por causa da minha timidez, e também porque o cinema era demais.

Depois passei em frente ao cinema várias vezes, e curiosamente, sempre notei a presença de camelôs na calçada da Avenida Ipiranga vendendo fitas VHS piratas dos melhores filmes exibidos no próprio cine.

São Paulo perdeu um dos seus históricos cinemas, bem no coração de Sampa, - quase na esquina imortalizada pelo compositor baiano -, que fechou suas portas em 10 de fevereiro de 2005. Na década de 60 a cidade tinha 27 cinemas funcionando em seu centro. Tinha um até na Rua Direita. Sim, a rua Direita que os Demônios da Garoa cantaram, também tinha o seu cinema. O tempo mudou.

Majestosos, de arquitetura impecável, verdadeiras obras de arte ornamentando a nossa cidade. Como fomos felizes passeando no Viaduto do Chá e passando em frente aos cinemas! O Cine Ipiranga foi inaugurado em 1943. Quando passei por ele a primeira vez estava com meu pai, e me recordo dele me apontando as belezas e os detalhes da cidade. Ele queria que o menino amasse tudo o que via. Sentia um orgulho intenso por estar comigo ali, naquele lugar, andando pelas ruas do centro, pela Praça Clóvis, pela Praça da República, certamente era um de seus raros dias de folga. Mas ele me apontava os prédios com tanta felicidade que até parecia ter nascido aqui em São Paulo.

Hoje as pessoas freqüentam as salas pequenas dos cinemas dos shoppings, mas os que preservam no coração a alma de uma cidade que aos poucos vai se transformando, não se esquecem das salas gigantescas.

O Ipiranga era um esplendor, havia tapete vermelho no chão, com bordados cintilantes, reluzentes, ouro de uma época que não voltará.

Quando eu estive com as crianças para assistir ao filme das Tartarugas, ele já estava em decadência, mas aquela fila interminável que ondeava a calçada tornando-se um caracol humano era sinal que o espírito de uma época, embora cambaleante pela avassaladora força da televisão, ainda resistia.

Mas aquele que já foi o mais luxuoso cinema da América Latina está com suas portas cerradas, e eu, andarilho solitário, que costumava passear pela Avenida Ipiranga, hoje sinto uma pontada no peito, quando "alguma coisa acontece no meu coração".

Pessoas vão à locadora num final de semana e reservam seus filmes prediletos, além das pizzas, grandes lojas na Avenida Paulista, por exemplo, anunciam em seus catálogos novos lançamentos, paulistanos iniciam coleções, videotecas, DVDtecas, e aqui perto, já temos um Shopping com nove cinemas. Entretanto o grande cinema fechou. E eu não estava lá, na sua derradeira sessão.

quarta-feira, 16 de junho de 2010

PÁGINA DO ILUSTRADOR - 5

PÁGINA DO ILUSTRADOR - 5

MARCIO LEVYMAN


Desenhar - desde criança - sempre fez parte do meu dia-a-dia, experimentando e explorando materiais e descobertas com curiosidade, inventando um caminho para um futuro espaço profissional.

Durante o curso de arquitetura comecei a desenvolver uma forma de desenho de humor com colagens, carimbos e intervenções gráficas.

Participei de exposições coletivas e individuais com fotografias experimentais, cartuns em envelopes com visores, desenhos e colagens interagindo com as molduras, imagens encaixotadas, humor gráfico traçado, colado, costurado e recortado.


Em seguida tiras e cartuns na Folhinha de São Paulo, ilustrações para o roteiro cultural da Veja São Paulo, mapas e vinhetas para a revista Playboy.


Pausa nas colaborações editoriais enquanto fui sócio de um estúdio gráfico, parando de desenhar por quase vinte anos.


Quando deixei a sociedade no início de 2004, a volta ao trabalho de ilustrador falou mais alto. Retomei alguns contatos e voltei a desenhar. Reencontrei a Fanny Abramovich, de quem fui aluno quando criança. Mostrei meu antigo portfólio, relembramos bons momentos e algum tempo depois fui convidado a ilustrar o livro Pra Minha Coleção, da própria Fanny, o meu primeiro.


A experiência na pré-escola do Scholem Aleichem e no Centro de Educação e Arte (CEA), a escola de artes da Fanny - provocando e estimulando com sua divertida ousadia criativa - foi um grande laboratório para exercitar a liberdade de descobrir, pensar e fazer. Uma experiência que trago até hoje num prazeroso e intuitivo processo de criação.

Alguns livros depois e colaborando em jornais, revistas, livros infanto-juvenis e didáticos, tive mais uma vez o prazer de ilustrar outro livro da Fanny: De surpresa em surpresa.


Selecionei aqui algumas ilustrações deste livro, onde uma menina vai assistir pela primeira vez a um teatro de bonecos. De surpresa em surpresa entrei com o meu repertório de papéis recortados, linhas desenhadas e tecidos colados. E descobri a volta daquele mesmo olhar de quando era criança.


Site do Ilustrador Marcio Levyman:
http://www.levyman.com.br

Contatos:
marcio@levyman.com.br
mlevyman@terra.com.br

[11] 2215-4891

[11] 2506-2319

[11] 9177-7623


Autora indicada para a Homenagem 2010 - Ruth Rocha

Prezados aelijianos,

Estou repassando dados sobre a escritora Ruth Rocha, uma das indicadas para receber a homenagem que a AEI-LIJ SP presta, anualmente, na Assembleia Legislativa de SP, em parceria com o deputado Carlos Giannazi. Tal evento homenageia personalidades ligadas à literatura e acontece no final de cada ano.
Grande abraço a todos,
Regina Sormani


Ruth Machado Louzada Rocha

Nasceu em 02/03/1931, na cidade de São Paulo, SP. Escritora de literatura infantil com mais de 130 livros publicados e mais de 10 milhões de exemplares vendidos. Diplomou-se na Escola de Sociologia e Política de São Paulo, em 1953 e começa a trabalhar com orientadora educacional no Colégio Rio Branco. A partir de 1965 escreve artigos sobre educação para a revista Claudia, e em 1967 assume a orientação pedagógica da revista Recreio, onde publica seu primeiro conto - Romeu e Julieta -, em 1969. Deixa a Editora Abril e inicia prolífica produção literária, inspirada na filha Mariana. O livro Marcelo, marmelo, martelo (1976) alcança a cifra de 1 milhão de exemplares vendidos. Em 1973 retorna à Editora Abril e permanece até 1981 dirigindo publicações infantis e participando de coleções como Conte um conto, Beija-flor e Histórias de Recreio. Em 1978 lança O reizinho mandão. Em 1989 é escolhida pela ONU para assinar a versão infantil da Declaração Universal dos Direitos Humanos, intitulada Iguais e Livres, publicada em nove línguas. Dois anos após, é novamente convidada pela ONU para assinar a declaração sobre ecologia para crianças, Azul e lindo – Planeta Terra, nossa casa (1990). Em 1995 lança o Dicionário Ruth Rocha e, em seguida, recebe o prêmio Jabuti como autora da série didática Escrever e criar... é só começar (1977). Em 1999 parte para um trabalho de fôlego e inicia a versão infanto-juvenil da Odisséia, de Homero. O trabalho consumiu dois anos de dedicação e pesquisa e foi lançado em 2001. Vendeu 6 mil exemplares em apenas 15 dias. É uma autora respeitada pela crítica, conforme atestam os depoimentos de Nelly Novaes Coelho, da USP: “Com sua linguagem lúdica, sua ironia e seu senso crítico, Ruth passa valores seríssimos às crianças. Suas histórias abandonam a moral dos contos antigos e trazem verdadeiras lições de vida.” Ou Marisa Lajolo, da UNICAMP: “O trabalho de Ruth é um dos mais relevantes na literatura infantil no Brasil. Quando a criança lê seu livro, repensa situações que ocorrem na vida real e passa a reagir de forma mais crítica a partir de novos valores apresentados por ela.”

quinta-feira, 10 de junho de 2010

QUINTAS -11

QUINTAS
Marciano Vasques
  

 MOMESSO!
 

 
 

Esperei quinze anos para o nosso encontro. Afinal “quinze anos” é menos que a idéia de um sopro. E então ele chegou. Estávamos diante de um amigo. Amigo é tesouro. Foi bom ter tido a oportunidade de refletir. E descobri que ele é a pessoa de quem eu sentia as saudades profundas.
Nos encontramos e caminhamos pela longa avenida. A idéia de estar a caminhar com ele sempre me fascinou.
Chegamos ao rodízio onde jantaríamos. Viver esse momento tem um significado profundo. Jantar com ele, podermos conversar sobre coisas, viver um momento especial, de aprofundamento de nossas vidas.
O grupo Tarancón sempre presente na lembrança dos que acreditaram num sonho bonito de se viver.
Plínio Marcos falando para os estudantes da PUC numa noite fria. O silêncio no auditório. As palavras do artista cortando como navalha o ar, e a felicidade anunciando o seu preço: estar ali.

Escolhemos a mesa.

Uma noite de abril, o mais poético mês do ano, e os amigos a jantar. E tomamos cerveja. A qual momento me destino?
Cheguei a pensar que nunca mais iria vê-lo. Mas tanto quis que o momento finalmente se apresentasse... Se tivesse podido o buscaria no aeroporto. Fiz questão do jantar.
O extraordinário professor da Universidade Federal de Pernambuco ao meu lado vivendo um dos mais profundos e significativos momentos da minha vida.
No pau de arara completamente nu e no chão um fogo emitindo um calor intenso a queimar as nádegas. Depois vem alguém e esfrega um punhado de sal grosso que penetra na carne viva. O homem emite gritos medonhos e perde a consciência e recupera e gira e berra e morde as próprias entranhas.
Depois aparece outro com uma ripa e bate, bate e bate nas nádegas em carne viva. E depois vem outro fazendo o papel de bonzinho e diz suavemente: “Conta alguma coisinha pra gente que a gente solta você!”
E uma outra sessão de tortura se inicia. Um grupo de torturadores, também treinados por psicólogos, forma um círculo na sala e começa a avacalhar todas as personalidades da esquerda. E dizem coisas chocantes e horríveis sobre Paulo Freire, Chico Buarque, D. Helder Câmara, Augusto Boal... Tudo para que ele expresse uma reação sequer em sua face. Mas ele é inteligente e percebe o jogo...
Depois recomeça a sessão da ripa. E moem o seu corpo. O torturador sempre acompanhado de um médico que vai orientando para que ele bata sem matar. A presença do médico é de fundamental importância na sessão de tortura.
E jantamos e falamos sobre as andanças de nossas existências. E o Danilo, meu jornalista, foi convidado e aparece. Um encontro de duas gerações.
Não deu para falar sobre tudo, mas nos emocionamos com tudo o que foi falado. Sua companheira, ao pesquisar, para o seu trabalho de mestrado, nos arquivos de um grande jornal de Pernambuco, encontrou um cartaz impresso numa página. Com os dizeres: perigoso subversivo, comunista, socialista, agitador, e falsificador de dinheiro.
“Essa é a nossa imprensa!”, ele disse mostrando a página a um grupo de alunos. Poderíamos ter aprofundado a conversa sobre a mídia. Eu poderia ter falado sobre o que a imprensa do mundo fez com o Michael Jackson. Poderíamos ter falado sobre outros crimes da mídia. Entretanto falamos sobre quase tudo, desde o padre Antonio Vieira, o Mauricio de Nassau, O Teotônio Vilela, a Elis chocando os filhos deste solo ao cantar naquele dia: “Eu quero uma casa no campo.” , o filme do Gabeira...
No livro, o Gabeira foi fiel em muitas coisas. Merece todo o respeito.
Comento que compreendo que a autorização de um autor dever prevalecer na adaptação de sua obra literária para o cinema ou para o teatro. Se as deformações acontecem, elas estão com o consentimento do autor.
Para mim foi a mais importante aula que poderia ter recebido na universidade da cultura viva que instalamos à mesa do rodízio.
Ao sairmos, o gerente do restaurante nos acompanhou até a porta. Não devia ter feito isso, pois na despedida comentou algo sobre o Big Brother.
Fico impressionado ao ver como o Brasil trata a sua memória.



quarta-feira, 9 de junho de 2010

Canto & Encanto da Poesia -junho de 2010-



Amigos,

Retirei estes versos do meu livro interativo:
O OVO AZUL DA GALINHA ROSA.
Foi publicado pela Paulus editora e ilustrado pelo Marchi.

Boa diversão!!

Regina Sormani






— Cocoricó! Quiquiriqui!
Atenção, galinhada! Atenção, meu povo!
Isto é uma chamada! Não é piada.
Alerta geral decretado.

Ovo roubado? Rosa sequestrada?
Casa desarrumada, confusão armada.
Um prato cheio
Para os fofoqueiros.

segunda-feira, 7 de junho de 2010

PÁGINA DO ILUSTRADOR 4

Nesta edição os leitores conhecerão um pouco sobre a ilustradora
DANIELA MAGNOBOSCO


Meu nome é Daniela e sou artista plástica.
Através de um projeto, consegui que meu livro "Fish A peixinha perdida” fosse beneficiado com a LIC (lei de incentivo a cultura) na Cidade de Caxias do Sul, RS.


Bom, as dificuldades: tive muita sorte, pois para o meu primeiro livro, fui convidada para fazer um trabalho voluntário em auxílio a uma entidade que ajuda cachorros e gatos, na minha cidade natal. Aproveitando este convite, comecei a me dedicar a esta nova modalidade de arte, comecei a ir atrás de outros projetos. Tenho outros 3 livros prontos que os escritores não conseguem editoras que o coloquem no mercado, e mais dois em andamento, que estão indo para a Espanha. Quer dizer, tive muita sorte com os 3 primeiros livros, mas depois que resolvi que era isso que eu realmente queria, a coisa complicou muito.

A dificuldade para mim, não é o criar o livro e sim, editar. Esta é sem dúvida, a parte mais difícil. A recompensa então, é quando vou às escolas para ler a história e contar como que fiz o livro, e vejo a cara das crianças me olhando como se eu fosse uma verdadeira mestra da ilustração. Inacreditável, pois meus desenhos são ainda muito primários para um verdadeiro ilustrador, mas para estas crianças, são o máximo!!!!




E o carinho que recebem a gente? Não tem nada melhor do que quando vem alguém, especialmente meu público alvo, dizer que adorou meu trabalho. E orgulho que sinto pelos meus trabalhos, especialmente a “Fish”, é que com meus desenhos e minha história tão simples, consegui passar para tantas crianças valores corretos que hoje estão bem esquecidos, a amizade, importância do exercício para a saúde, geografia, preconceito e assim por diante. Quer dizer, acredito que consegui dar uma pequena contribuição para um mundo melhor.

Para conhecer mais sobre o trabalho de Daniela Magnobosco clique nos links abaixo:

http://danielamagnabosco.blogspot.com/

http://www.belasletras.com.br/ilustradores_detalhes.php?id=32

Contato:
dani.magnabosco@hotmail.com

sábado, 5 de junho de 2010

Um livro do qual gostei muito.

Meus amigos,

No mês de junho Marciano Vasques comenta o livro "AMORECO" de Edson Gabriel Garcia.
Agradeço a participação desses meus queridos parceiros de lutas e ideais.
Muitos beijos,
Regina Sormani




Talvez no fundo sejamos todos uns românticos, e o livro sobre o qual falarei trata exatamente disso, numa época em que justamente é necessário o resgate da busca do outro, da aproximação dos corpos adolescentes, do toque, das mãos, na doçura da leveza de alguns sonhares.
Um colégio é feito de muito mais do que apenas disciplinas, é também um universo que se move, que adolesce, numa motivação de autenticidade de vida pulsando freneticamente a cada conquista, a cada tentativa, a cada oportunidade.
Meninos e meninas estão com os hormônios explodindo, bem o sabemos, mas eles são atenciosos, fazem da gentileza a disputa interna para conseguir um abraço, um olhar: é a vida esboçando a sua plenitude e beleza.
A chuva mudando o rumo de uma vida, traçando destinos, delineando quereres, inflorescências. Dois jovens amigos que gostavam da mesma menina. Isso acontece aos montes, e aconteceu entre Renato e Fernando. Esse é um dos contos do simpático livro escrito pelo pai e ilustrado pelo filho.
A vida caminhava e a chuva caía. No sufoco da chuva Marina mandou um sorriso bonito. Foi a senha para a felicidade que almejava explodir.
Um jeito meigo e macio de conversar. Isso existe entre a garotada. E, incrível!, Marina tinha um guarda-chuva. O menino e a menina caminhando sob a chuva, e a chuva tornando-se cúmplice de um aconchego, de um turbilhão de sentires. Alguém tem a ideia do que é um beijo rápido na boca numa tarde de chuva?
O livro "Amoreco", publicado pela Editora Cortez, é de autoria de Edson Gabriel Garcia, que trabalhava em escola e foi um grande observador do coração de meninos e meninas. E ofereceu ao leitor um gostoso ramo de histórias, nas quais prevalece a doçura e os mistérios do amor.
É o educador que ressurge não mais na sala de aula, não mais dirigindo uma escola, mas nas páginas de um livro que, como diz um dos contos, revela que existem coisas que a gente nunca vai esquecer.
Vivemos numa época de decadência cultural, onde valores são soterrados e outros passam por um desmanche, mas esse livro com pequenas histórias para meninos e meninas iniciantes nas coisas do amor, é tudo de bom. São oito contos, que você lê numa tacada só.
Eu li no ônibus, no metrô, nos meus intervalos na sala de leitura, e num instante estava enfeitiçado pela generosa e suave forma como o autor vai desfiando as aventuras dos estudantes em tardes chuvosas ou ensolaradas. Sempre assim: um aceno, um caminhar juntos, lado a lado, corpos se aproximando, beijinhos delicados, e a vida prometendo dias melhores para um jovem que foi pego pelo amor. E para um outro que precisa aprender como dizer "eu gosto de você". Parece fácil, não é? Vai tentar, vai.
Tudo está em "Amoreco", e o autor é um especialista no assunto, seu olhar soube recolher no coração de cada menino e de cada menina o amor querendo florescer, dando os seus primeiros sinais em peitos palpitantes.
Li sim, e confesso que fui enlaçado pelos contos que vão formando um painel do amor enquanto broto entre os que vivem com o coração acelerado.
Li outros livros de Edson Gabriel Garcia, inclusive um de que gostei muito, o "Tantas Histórias no Escurinho da Escola", mas esse me tocou com a sua delicadeza, o seu desabrochar, a sua forma, como eu já disse, tão gostosa, tão saborosa, de dizer as coisas do amor.
Experimente ler esse livro tomando um sorvete, comendo bolinhos de chuva, deitado na grama de um dos parques verdes da cidade, na fila de um cinema, numa lanchonete ou num intervalo na escola. Isso vale para todos.

Livro AMORECO
Autor: Edson Gabriel Garcia
Editora: CORTEZ

quarta-feira, 2 de junho de 2010

Vice-Versa de Junho 2010



Queridos aeilijianos,

Agradeço a participação das ilustradoras Marília Pirillo e
Sandra Ronca (AEI-LIJ RJ) no Vice-Versa de junho.

Grande abraço a todos,

Regina Sormani




Sandra Ronca


MARILIA PIRILLO ENTREVISTA SANDRA RONCA

1. Você nasceu em uma família de artistas, seu pai e sua mãe são pintores e você cresceu convivendo com a arte. No entanto sua primeira opção profissional não foi artes, né? Por que você acha que isso aconteceu? Como seus pais influenciam no seu trabalho hoje?

Acho que estava tão perto de mim que eu não percebia. Fazia os trabalhos com argila, desenhava, pintava por prazer. Meu pai olhava e dizia: "Tá muito infantil.” A ficha não caiu. Não pensei que pudesse trabalhar com ilustração, muito menos com o traço infantil ou mesmo divertido. Este eu adorava. Na adolescência escolher uma profissão, a faculdade, era difícil pra maioria. Poderia ser tanta coisa! Também optei por Comunicação Social, Publicidade e Propaganda. Comecei a trabalhar cedo, paralelo à faculdade, com o público. Só bem depois, de mansinho, fui vislumbrar a ilustração como profissão. Olhando pra trás, vejo que ela algumas vezes passou por mim, acenou e eu não vi. (Tonta!) Ao mesmo tempo, vejo que esse contato com um público tão diversificado foi um aprendizado de vida. Sobre os pais, além do contato com a natureza que também vai se mostrar importante, estávamos sempre em museus ou galerias. Acho que daí criei o hábito. Eles curtem, se orgulham a cada conquista. Bom foi perceber meu pai surpreso ao ver meu portfolio. Me lembro bem do dia. Ele me mostra ou dá livros de arte. Fica contente se pode dar algum palpite ou ajuda. Quanto à minha mãe, sempre foi a escudeira dele e trabalhavam juntos. Está emocionada e ansiosa agora, com uma história nossa em comum, “Dia de vacina.”, que será lançada no Salão da FNLIJ.
Pra não me estender nessa, uma curiosidade que me surpreendeu: Numa entrevista para a escola, meu filho descobriu que meu avô, que não conheci, tinha sido ilustrador. Eu não sabia, achava que toda a família da parte do meu pai tinha vindo da fotografia.

2. Como você começou na ilustração de literatura infantil?

Como falei, de mansinho. Primeiro cogitando e depois o principal: trabalhando a auto estima. Morria de vergonha de mostrar um trabalho meu. Por acaso, procurando casa pra comprar em 2002, conheci o Zé Zuca, que pelo visto, todo mundo conhece. Percebi que trabalhava com crianças e, num gesto intuitivo, perguntei se poderia lhe enviar o link para meu site. O corretor ficou até meio desconfiado. Recebi uma resposta linda, que lastimo ter sido perdida com a troca de computadores. De um parágrafo enorme, gravei esta frase “A magia do teu traço é bem viajante”. Aquilo me tocou demais e era o que eu precisava pra ir à luta. Ouvir um elogio da família ou amigo, não é a mesma coisa. Ele não tinha compromisso comigo e nem precisava responder ao e-mail. Mas o processo ainda foi longo. Em 2005, eu comecei a descobrir o mundo que havia na ilustração, aqui e lá fora e as listas de ilustradores. Fui aperfeiçoando meu trabalho, meu portfolio e o fundamental, a auto estima. Em 2007, comecei a ilustrar didáticos e, o primeiro livro pela Cortez Editora. Foi também um voto de confiança. Daí, fui em frente.

3. Vejo você sempre pesquisando e buscando aprender mais sobre ilustração.
Quais as suas fontes de inspiração para o trabalho e quais são suas técnicas preferidas para trabalhar?

É verdade. Brinco que demorei tanto e agora quero tirar o atraso. Quero fazer e aprender tanta coisa! Sou apaixonada pela Aquarela e os efeitos que ela produz. Principalmente as manchas, místicas e sedutoras, que são únicas e nunca se repetem. E aí, sou encantada por Edmund Dulac e Warwick Goble. E este em especial, pelos caminhos visuais que produz. Adoro as Aquarelas do Cárcamo. Gosto muito da técnica mista também, pelas múltiplas possibilidades de efeitos. Aí, eu citaria Svjetlan Junakovic. Ao mesmo tempo, gosto do traço leve e divertido de Quentin Blake. Enfim, quando vejo uma imagem que me encanta respiro fundo e deixo que ela se acomode lá no céu da cachola. Se a escolha da técnica ficar comigo, deixo o texto e a intuição mostrarem o caminho. Se você fala de outras fontes de inspiração, acho que tudo: A começar pela natureza (já tive uma ótima idéia andando na beira do mar), pessoas, animais, filmes, pinturas, música. Aliás, quando preciso entrar no clima pra pintar e não estou muito inspirada, costumo colocar uma música e às vezes, até acender um incenso. E se der vontade, ainda danço um pouquinho...

4. Além de ilustrar você escreveu o livro "Coitada da Raposa", publicado pela Cortez Editora. Você exercita continuamente a escrita literária ou este livro foi uma exceção? Existem novos projetos de livros a caminho????

Sim. As histórias me surgem em momentos variados. Já aconteceu no ônibus, no chuveiro, almoçando, caminhando... Preciso tomar nota logo para não perdê-las, o que nem sempre é possível. Já aconteceu de acender a luz, no meio da noite, pra escrever ou pelo menos tomar nota. Escrevo algumas crônicas também, mas tenho me dedicado mais ao segmento infantil. O universo infantil é mágico, infinito e me renova! Comecei a me organizar melhor depois de 2004, quando percebi que ali tinha coisa legal e já sondava a ilustração de livros. A história da raposa, por exemplo, é de 2004. Saiu da gaveta, em 2008, quando fiz um curso de Projeto de Livro e usei este texto. Tenho vários projetos. Agora estou conseguindo me dedicar mais a eles. Dois deles faço questão de publicar de qualquer forma, são especiais.





Marilia Pirillo



SANDRA RONCA ENTREVISTA MARILIA PIRILLO

1. Você, desde formada, navegava em águas similares, mas como foi que efetivamente começou a trabalhar na ilustração infantil?

Na verdade Sandra, eu acho que sempre soube que queria trabalhar com ilustração de livros. Desde pequena eu ficava encantada com as imagens., tentava copiar e entender como alguém conseguia desenhar daquele jeito! Com certeza não era com os mesmos lápis de cor e aquarelas de pastilha que eu usava! Rsrsrsr Mas o ser humano é enrolado, né? Na hora de optar por uma faculdade eu fiz Vestibular para Artes Plásticas, na federal, e para Publicidade e Propaganda, na PUC. Passei nas duas e, doida, resolvi cursar ambas. Claro que não deu certo. Depois de um ano, exausta e sem poder me dedicar profundamente a nenhuma, eu coloquei na balança e a preocupação com a grana pesou mais. Decidi cursar Publicidade à noite, fazer estágio durante o dia e “trancar” as Artes. Passei a trabalhar com editoração, projeto gráfico, tevê, design, programação visual, me formei... E as “artes” lá, trancadas. Acabei perdendo a vaga na federal. No entanto em todos os meus empregos (e eu tive vários!) a ilustração aparecia de um jeito ou de outro até que casei com um animador/ilustrador e passamos a ganhar a vida com ilustração publicitária. Acontece que vez ou outra um livro infantil “caia do céu” na minha mesa. Esses trabalhos não pagavam tão bem como os publicitários, mas eram os que mais me davam prazer. Aos poucos e com muito medo, fui deixando os livros tomarem o seu devido lugar na minha vida, até poder dar o grande passo de me dedicar só a eles – o que não faz muito tempo!

2. O texto veio mais tarde?

Na adolescência me tornei uma leitora voraz. E também nesta época, como toda a adolescente apaixonada e sofredora, comecei a escrever as primeiras linhas - nos diários, nos cadernos, na máquina de escrever que ganhei do meu pai, no jornal da escola... Na faculdade tentei a redação publicitária que me influenciou mas não me ganhou. Comecei a procurar oficinas de escrita literária, sem grande compromisso nem objetivos concretos, só pelo prazer de ler e exercitar. Quando cheguei no Rio achei (e me achei) na oficina da Anna Claudia Ramos onde por dois anos realmente mergulhei nas delícias e sofrimentos da escrita. Hoje continuo freqüentando oficinas, mas como estou ilustrando muito, sobra pouco tempo para escrever.

3. Ao lançar texto e imagem, o habitual é o texto chegar na frente? Ou o contrario também acontece?

O habitual é o texto chegar na frente, mas também acontece do texto nascer de uma imagem - que me inspira uma idéia que pode virar um texto... Por trabalhar com os dois, ao criar um livro (texto e imagem) as coisas se misturam, se embolam e se desenrolam juntas.

4. Existe algum tipo de trabalho que tenha dado um medinho; você encarou o desafio e depois viu que valeu a pena? Conta pra gente.

Vou confessar: até hoje TODOS os trabalhos me dão medinho! Eu sempre duvido que vou conseguir fazer! Verdade! E durante o trabalho muitas vezes duvido da minha competência e se vou conseguir terminá-lo! Nem Freud explica! Rsrsrsr
Há bem pouco tempo passei por uma situação difícil: recebi a incubência de ilustrar um livro de lendas indianas. Hare baba! Eu sabia nada vezes nada de cultura indiana! Nem a tal novela eu vi!!! E assim começou meu sofrimento. Pesquisas e mais pesquisas, toneladas de informações e de imagens de referência e a dificuldade de encontrar uma linha de trabalho, algo que fizesse sentido pra mim, me impedindo de fazer qualquer esboço! Enfim foi um parto à fórceps! O livro deve ser lançamento da Salesianas para a Bienal. Se funcionou ou não vocês me dizem depois, tá?

QUINTAS - 10

QUINTAS

Marciano Vasques


VIDAS TERCEIRIZADAS
 
 
 

Ouço-me enquanto caminho, e caminho para que a ventania me leve. Doce ventania, onde estará? Falta nos faz coisas que somos em nós. Se pudesse ficar aqui, em mim, um tempo por menor que seja, mas que não se torne um fugitivo, por mais que insista numa brusca insistência, que é a voz do dia.

Leio jornais, quase não ouço a canção que vinha do vento, mas mantenho-me em comunhão com o que poderia nos salvar, que é justamente o que não podemos evitar: sermos, - mas que pode ser aviltado, estimulado à perdição das cores no dia-a-dia, nas terríveis competições, e nas mais agressivas descaracterizações do ser.
Vidas terceirizadas, assim me parece que a querem, mas resistir é a única saída, é para isso que a poesia está nas ladeiras, nos picadeiros da alma, a clamar: Não me abandone! Não me renegue! Não abrace a insensatez, não me despreze.

Tudo nos afeta: o cartazista que despreza o idioma, a incoerência presidencial, o abandono da consciência, o desperdício da vida na perplexidade do aceitar inativo.
Não falarei do meu país, meu jovem, por que o faria? Ele é gigante pela própria natureza, e lá está navegado pelos nossos homens públicos. Está tudo bem, como sempre esteve. Como diríamos, quem somos, se nada somos? Mas temos a permissão para fingirmos que somos, e isso é fácil. Basta o acúmulo de coisas materiais. Incoerências e discrepâncias. E daí?

Talvez o refúgio não seja afinal tão dolorido. Entretanto, olvidarmos-nos em nome de uma vida artificial, de uma alegria que não é autêntica? Como tal coisa nos chora! A nós, que teimamos, que nos queremos na autenticidade. O que é mais portador da felicidade que uma conversa sem relógio, uma caminhada? Que preço teria a leitura de um livro ou a apreciação artística que uma alma livre poderia realizar?


Exijo uma ciranda. Eu? Mas se além do CPF e outras concessões, além de poder entrar na loja e ser recebido pela sorridente largura do crediário, além da propaganda da cerveja e da imbecilidade, além da rasa música que nos ofertam, que me adia a necessidade de comprar um rádio. Digo assim, um rádio mesmo. Que ultrapassado vou me tornando!, diante da sofisticada aparelhagem que a tecnologia edifica a cada dia para o som (Pois viva então o som! ). E eu, falando de rádio, o que imagino afinal? Um objeto retangular postado sobre um móvel, a elevar-me a alma com doces canções que o espírito criou?


Eu? Mas o que sou? Posso me arvorar em declarações inaudíveis. Sou um escritor! Mais alto! Sou um escritor. Ora, que batam palmas..., isso, toda a arquibancada. Palmas! Ele é um escritor! - alguém disse isso. - É! -,  - O que está com o nariz redondo e vermelho! Quem ouvirá o escritor? Quem ouvirá o poeta? Isso, ouvir! Assim: eu ouço, nós ouvimos...

Pobre tempo!

terça-feira, 1 de junho de 2010

MURAL 10 - JUNHO DE 2010

NÚMERO 10 - JUNHO DE 2010

O Mural é uma agenda cultural mensal,
editada conforme os eventos surgem.
Amigo associado de qualquer cidade do Estado de São Paulo, contribua...
aguardamos notícias dos eventos do interior.
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Nireuda no "Ônibus-Biblioteca" na Vila São José.

Fui convidada pela LIBRE - Liga Brasileira de Editores, conveniada com a Secretaria Municipal da Cultura - SMC, para participar mais uma vez de um dos itinerários do Ônibus-Biblioteca. Desta vez em um local muito especial, na Vila São José, em frente ao Colégio Estadual Prof Alberto Salotti (onde cursei o colegial). Montei um varal de cordéis e uma exposição de matrizes de xilogravura que ilustram o meu livro "Mitos e lendas do Brasil em cordel" - Editora Paulus. Tive o prazer de conversar com alunos, pais, professores e moradores da região. As crianças participaram de uma oficina de gravura e ouviram histórias.

Agradeço a atenção e carinho que recebi dos bibliotecarios: Virginia, Adilson e João.
Fotos de João A. B. Neto

Eu, montando o varal de cordéis, ao fundo a Virginia atendendo um leitor do Ônibus-Biblioteca:
Conheci a Ana Paula, ex aluna do Salotti. Ela pretende fazer museologia, gosta de cultura gótica, misticismo e wicca. Ao lado, a querida bibliotecaria Virginia:
Érica preparando sua gravura, a mamãe orgulhosa Maria, e o Matheus:
Ganhei a linda matriz de isoporgravura " A Cidade" do Matheus:
Recebi a visita de uma turma pra lá de especial:
A coordenadora pedagógica Creusa Cândida e as professoras do Centro de Educação Infantil - CEI Douglas Daniel do Nascimento - Jardim Castro Alves. Elas conheceram o Ônibus-Biblioteca e ficaram encantadas com projeto. Fui convidada para um bate-papo sobre o meu livro no CEI. Elas gostariam de receber o ônibus em sua escola. Fica registrado o convite!





Foi muito bom participar de mais um roteiro do "Ônibus-Biblioteca".
É uma experiência única.

Obrigada!


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PROJETO CONTA COMIGO

Coordenadoria Regional Sul

Apresentado pela Coordenadoria Regional Sul, promove um núcleo de estudos sobre a arte de contar histórias, envolvendo contadores da rede da zona sul de Bibliotecas e formandos em Pedagogia e Letras da UniÍtalo.


Biblioteca Marcos Rey
De 5 a 7 anos
Com Andréa Souza, Paula, Luzinete e Fernanda
De 1º a 15 de junho às 10h e às 14h

Biblioteca Belmonte
A partir de 5 anos
Dias 8, 15, 17, 22, 23, 24, 30 de junho
Horários e agendamento pelo telefone 5687-0408 com Andréa Sousa

Biblioteca Castro Alves
A partir de 4 anos
Com Solange
4ª feiras às 10h

Biblioteca Paulo Duarte
De 10 a 12 anos
Com Lucélia, Solange e Claudia e Sabino
Dia 17 de junho às 14h

Biblioteca Helena Silveira
De 5 a 6 anos
Com Andréa Souza, Paula, Luzinete e Fernanda
Dia 23 de junho às 10h

Biblioteca Roberto Santos
De 6 às 14 anos.
Com Andréa Souza, Isabel e Sabino
Dia 24 de junho às 9h30 e às 13h30

Biblioteca Chácara do Castelo
De 7 a 8 anos
Com Lucélia, Solange, Claudia e Sabino
Dia 24 de junho às 14h

Biblioteca Amadeu Amaral
A partir de 5 anos
Com Lucélia, Solange e Claudia
Dia 25 de junho às 10h

Biblioteca Raul Bopp
Com Lucélia, Solange e Claudia e Sabino
Dia 29 de junho

Biblioteca Malba Tahan
De 5 a 6 anos
Com Andréa Souza, Paula, Luzinete e Fernanda
Dia 30 de junho às 10h


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ACERVOS ESPECIAIS - LIVRO ESCOLAR

A Biblioteca Monteiro Lobato abriga o Acervo Histórico do Livro Escolar – AHLE constituído pelo conjunto de livros de uso escolar resguardado pelas antigas Bibliotecas Infantis e reúne várias fases da história e da educação no país desde o fim do século 19 até meados da década de 1970. Cartilhas, primeiras leituras e manuais de ensino, entre outros, compõem esse acervo especial, que contempla todas as disciplinas escolares dos cursos primário e secundário. Atende a pesquisadores, especialistas, estudantes e outros interessados na história do livro escolar.

Rua General Jardim, 485
Fone: 11 3256-4122
e-mail: bcspmlobato@prefeitura.sp.gov.br
Horário: necessário agendar previamente

Veja também nosso blog http://acervohistoricodolivroescolar.blogspot.com

DIGITALIZAÇÃO DO ACERVO

A digitalização dos livros didáticos antigos torna disponível para pesquisadores e público em geral o conteúdo integral de alguns títulos do Acervo Histórico de Livros Escolares. Inicialmente foram selecionados 9 títulos seguindo os critérios de antiguidade, originalidade e maior procura. A digitalização também beneficia o resguardo dos exemplares originais.

Títulos já digitalizados:

Pátria - Livro dedicado à mocidade brasileira. João Vieira de Almeida.
SP, Casa Ecléctica, 1899.

História de S. Paulo ensinada pela Biographia. Tancredo do Amaral.
SP, Alves e Cia Ed., 1895.

O Estado de São Paulo Ensino cívico. Tancredo do Amaral.
SP, Alves e Cia Ed., 1896.

Primeiro Livro de Leitura. Maria Guilhermina Loureiro de Andrade.
NY, American Book Company, 1894.

Biografias de Homens Célebres dos tempos antigos.
Lisboa, David Corazzi Ed., 1884.

Organização de Museus Escolares. Leontina Silva Bush.
SP, Empreza Ed. Brasileira, 1937.

Introdução ao estudo da literatura. Álvaro Guerra.
SP, Melhoramentos, 1930.

Álbum de Gravuras para ensino da linguagem. R. Puiggari.
RJ, Francisco Alves Ed., 1898.

Sortes da Physica
. Gaston Robert. (livro paradidático)
RJ, Garnier Ed., 1893.

Esses títulos estão disponíveis para consulta ou gravação para uso não comercial no Acervo Histórico de Livros Escolares da Biblioteca Monteiro Lobato.



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Revista Em Cartaz n° 36
(junho/10)

Toda a programação das bibliotecas da cidade,
eventos literários, oficinas culturais para download:

http://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/cultura/revista/index.php?p=3629