sábado, 31 de dezembro de 2011

Canto & Encanto da Poesia



Nilza Azzi é escritora associada da regional paulista da AEILIJ.

Feliz 2012!!!

Regina Sormani


Para 2012

Que se renovem nossas esperanças
e que haja mais firmeza nas promessas,
e mais vigor naquilo que começa,
pois quem persiste, um dia, o sonho alcança.

Passou o ano, foi-se tão depressa;
um novo ciclo já desponta e avança.
O amanhã, com luz e com pujança,
o novo sonho, é o que interessa.

À nossa volta, espero que haja paz,
mais união permeie a raça humana,
seja do amor, a lei que o mundo rege.

Se cada um se aplica no que faz
e o dom sagrado, o homem não profana,
ganha sentido, a sua vida breve.

Nilza Azzi






 

sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

- Da travessia -


Meus caros,
Adriano Messias é escritor, associado da regional paulista da AEILIJ.
Um beijo,
Regina Sormani

Adriano Messias


Da travessia


O correr da vida embrulha tudo.
A vida é assim: esquenta e esfria, 
aperta e daí afrouxa,
sossega e depois desinquieta.
O que ela quer da gente é coragem
(Guimarães Rosa)
 
Somos seres falantes e clivados, separados há muito da natureza por um engenhoso artifício: a linguagem. Por termos linguagem é que temos pensamento. Criamos e deixamos nossas marcas na cultura – nosso delicioso e enigmático esteio – por intermédio da materialização do pensar.
Agimos no mundo dentro de uma dramaturgia invisível, como salientou Julia Kristeva, chamando-nos a atenção para o poder dos signos que criamos, para o lugar que damos ao outro na encenação da própria vida.
Pois bem: uma vez falantes, tentamos descobrir o outro em nós. Há quem o faça escrevendo e ilustrando livros: acredita-se em um discurso possível para a humanidade.
Percebe-se uma beleza crepuscular nas ideias de Nietzsche quando ele aponta para o homem – ser de passagem, inacabado e transitório. A sua conhecida metáfora para o ser humano, corda esticada entre o animal e o super-homem, parece se valer sempre e sempre. É perigoso, lembra o filósofo, caminhar, mas também olhar para trás. Porém, a força desta metáfora revela, por outro lado, o aspecto irrecusável de toda travessia, que tanto encantou Guimarães Rosa em Grande Sertão:
Eu atravesso as coisas — e no meio da travessia não vejo! — só estava era entretido na ideia dos lugares de saída e de chegada. Assaz o senhor sabe: a gente quer passar um rio a nado, e passa; mas vai dar na outra banda é num ponto mais embaixo, bem diverso do que em primeiro se pensou (...) o real não está na saída nem na chegada: ele se dispõe para a gente é no meio da travessia...”
Escrever e ilustrar, penso eu, é um corajoso ato de se atravessar o mistério da vida. E nossos medos caem no abismo quando optamos pela ação. O ofício e a arte de corporificar ideias nas páginas dos livros compõem um sério e esperançoso processo, pois vivemos rodeados pelo catastrofismo abissal da educação deficiente, da violência desmedida e insana, das confusões éticas e étnicas que assolam a humanidade nesta que é, provavelmente, sua mais dura esquina antropológica: o século XXI.
Vale, ainda, o esforço a favor da palavra. Vale acreditar, desde que haja atitudes. Toda renovação de votos de prosperidade produz sentido se não ficar apenas na intenção.
Atravessemos!
Bom 2012 a todos!
 
Adriano Messias
 

quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Era uma vez... Minha primeira paixão

O livro juvenil "Minha primeira Paixão"é de autoria de Elenice Machado de Almeida e Pedro Bandeira.
Elenice, que também escreveu: Deu minhoca na história, O pomo da discórdiaPresente de grego e muitas outras histórias encantadoras, infelizmente, veio a falecer em 1989, vítima de uma doença fulminante e seu último livro ficou inacabado. Seu marido, dr. Gilberto Machado de Almeida, então, sugeriu que Pedro Bandeira terminasse a história. O escritor, que sempre acompanhou de perto o trabalho literário de Elenice, aceitou a incumbência de concluir o livro. Emocionado com aquilo que Elenice havia escrito, Pedro resolveu chamar o livro de "Minha primeira paixão", pois Elenice , ao escrever, buscava compreender os sentimentos dos jovens.
Este livro trata da chegada de Frida, uma nova aluna na sala de aula, bem no meio do ano letivo. Ruiva, magrela e sardenta,foi escalada para sentar-se à frente de Pimpo, apelido de José Olímpio. A antipatia foi mútua e instantânea, mas, Pimpo, perdia-se, contando e recontado os milhares de cachinhos vermelhos da nova coleguinha.
Frida, por sua vez, detestava a nova escola, os professores, e mais do que tudo, aquele garoto chato e insuportável que sentava atrás dela. O atrevido chegou até a bolar um apelido ridículo para ela: Batata Frida. Depois de muita confusão, dentro e fora da sala de aula, Frida resolveu convidar Pimpo para ir à sua casa conhecer os filhotes da cadela Sherazade. Pimpo acabou ganhando um lindo filhotinho de presente.... E  a menina também se ofereceu para ensinar matemática ao garoto que havia ficado de recuperação. E tem mais: ninguém sabe quem foi que se aproximou primeiro. De repente, os narizes estavam quase se tocando, as mãos tremiam. Os cachinhos ruivos brilhavam, cheirando a xampu...
Depois, foi só fechar os olhos e deixar o beijo acontecer. Pimpo pensou: - "É como na televisão, só que muito, muito mais gostoso".


Minha primeira paixão foi publicado pela FTD. As ilustrações são da Cláudia Scatamacchia.
O escritor Pedro Bandeira é associado da regional paulista da Aeilij.
Um abraço a todos,
Regina Sormani

domingo, 18 de dezembro de 2011

Haicai

O haicai, pequena composição poética japonesa, é formado por três versos: de cinco, sete e cinco sílabas, nesta ordem. Em geral, são textos contemplativos e refletem momentos de observação.  O haicai, é,  na segunda e na sétima sílabas tradicionalmente, uma forma poética que não tem rimas, mas, o poeta paulista Guilherme de Almeida, conhecido como "O príncipe dos poetas brasileiros" (1890/1969) decidiu reinventá-la, de maneira abrasileirada. Então, o haicai do poeta adquiriu um formato diferente, com rimas:
- O primeiro verso rima com o terceiro e o segundo inclui uma rima interna, na segunda e na sétima sílabas -

Alguns haicais

Chuva de primavera

Vê como se atraem
nos fios, nos pingos frios!
E juntam-se. E caem.

Outubro

Cessou o aguaceiro.
Há bolhas novas nas folhas
do velho salgueiro.

Noturno

Nas cidades, a lua:
a joia branca que boia
na lama da rua.

Os andaimes

Na gaiola cheia
( pedreiros e carpinteiros)
o dia gorjeia.

Hora de ter saudade

Houve aquele tempo...
(E agora que a chuva chora
ouve aquele tempo)


Guilherme de Almeida - "Os meus haicais" - ( In poesia vária - 1947)

domingo, 11 de dezembro de 2011

Mensagem - A hora de dizer adeus -

A hora de dizer “adeus”
Simone Pedersen

Há momentos na vida em que é hora de ir embora. Quando visitamos alguém que começa a bocejar; quando, no hospital, a enfermeira entra para dar banho no paciente; quando o vizinho começa a gritar palavrões... Momentos em que, se não sairmos, seremos inoportunos e criaremos um desgaste desnecessário. 

Há momentos na vida em que é hora de ir embora, porque não estamos mais presentes fisicamente, mesmo que sentados no mesmo sofá. Em uma casa, há momentos em que temos que ir embora do cômodo e deixar a pessoa discutindo sozinha. No trabalho, pode chegar a hora de procurar outro emprego e deixar a carta de adeusmissão. Na escola, chega a hora, talvez, de dizer adeus a um curso e seguir outro. Na vida, há momentos de despedir-se de um caminho e reiniciar outro, sem olhar para trás.

Às vezes,  temos que dizer adeus ao dia  cinzento para reencontrarmos esperanças no amanhã. Temos que dizer adeus à noite de pesadelos para reencontrarmos os sonhos no amanhã. Nos relacionamentos, há momentos de dizermos adeus porque fazemos mais mal que bem. Nas ilusões, há momentos de nos afastarmos para enxergar a realidade. Na dor, há momentos de sofrê-la calado, para que o outro sofra um pouco menos.

Há também momentos na vida de dizermos não, de recusarmos convites, pois sabemos que são ocos. Há momentos na vida em que temos que preencher nossos vazios somente com nossos vazios, temos que permitir que o outro diga olá para alguém que possa oferecer mais que ausências e presenças vazias.

Há momentos na vida em que temos que dizer adeus como o sol se despede do dia, enfraquecendo as cores até sobrar apenas a escuridão. Há momentos na vida em que palavras não precisam ser ditas, nem mesmo “adeus”, pois já a escutamos em nossos corações. Há momentos na vida em que temos que dar a outra face, ouvir adeus duas vezes. Há momentos na vida em que é hora de dizer amém.

Simone Pedersen é escritora associada da regional paulista da AEILIJ


quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

13ª Festa do Livro da USP - 2011


13ª Festa do Livro da USP - 2011

Neste ano de 2011, a Festa do Livro da USP será realizada em dezembro, nos dias 14, 15 e 16 na Escola Politécnica da USP.

Localização:

Escola Politécnica USP - Prédio da Mecânica e da Civil

Acessos: Bolsão da Poli
Av. Prof. Luciano Gualberto, travessa 3 ou
Av. Prof. Mello Morais próximo a Mecânica

Relação de editoras participantes

Catálogos das editoras participantes

Mapa da Poli - USP

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

QUEM CONTA UM CONTO

O ano se passou e mais um natal chegou. Para comemorá-lo, convidamos a escritora, xilogravurista e, ao lado de Rosana Rios, representante da regional paulista da AEI-LIJ, Nireuda Longobardi. Com a simpatia que é seu traço comum, Nireuda não só mandou uma história de natal como uma ilustração feita em Kiriê. Divirta-se!

Conto de Natal

Era véspera de Natal. Como sempre, estava sozinho em meu apartamento.
Depois de várias tentativas ao telefone encontrei uma pizzaria aberta e fiz o pedido.Quando o interfone tocou, sai para buscá-la. Chamei o elevador que, para variar, demorou a chegar. Ao abrir a porta, levei um baita susto... Um robusto Papai Noel me cumprimentou com um: Hô, Hô, Hô! Feliz Natal!
O meu vizinho, pai de duas garotinhas veio em silêncio recebê-lo, cumprimentou-me rapidamente e entrou com o ilustre convidado.
Quando o elevador chegou, apertei o T. No caminho, ele parou no terceiro andar e uma família entrou: o pai, segurando um assado; a mãe segurando uma bandeja coberta por um pano com motivos de natal ricamente bordado; um garoto, de mais ou menos cinco anos segurava um carrinho e fazia vrum, vrum, vrum. Sorri em silêncio. Quando o elevador parou no térreo desejei um Feliz Natal. Já ia saindo quando a mulher disse:
_ Espere! Experimente uma rabanada – disse, levantando o pano que cobria a bandeja.
Não fiz desfeita, aceitei pegando uma delas. Agradeci e desejei um Feliz Natal. Ao sair do elevador observei aquela rabanada dourada, empanada no açúcar e canela, aquele cheiro delicioso de canela... Hum! Tasquei-lhe uma mordida generosa, senti o sabor crocante por fora, macio e molhado por dentro. O açúcar e a canela sujaram meus lábios... Que delícia! Hum! Passei a língua pelos lábios e lambi os dedos como uma criança. Sorri, lembrando da minha saudosa mãezinha que preparava deliciosas rabanadas; meu prato favorito de Natal. Passei apressado pelo hall enfeitado com uma belíssima árvore de Natal. Peguei minha pizza e dei uma caixinha generosa ao entregador. Cumprimentei o porteiro e voltei ao meu apê. Deixando a pizza sobre a mesa da cozinha, fui vasculhar meu guarda-roupa, em busca de uma caixa antiga de madeira. Procurei, procurei, até que encontrei. Levei a caixa até mesinha da sala e abri, desembrulhei peça por peça, que estavam protegidas por folhas velhas e amareladas de jornal. Montei com cuidado o meu presépio... Lembrei de quando o pintei; tinha doze anos e recebi a ajuda da minha avó Isís.
Ficou lindo! Agora sim, podia arrumar a mesa. Peguei a melhor toalha, prato, talheres, um vinho e, é claro, a pizza. Fiz uma oração e agradeci a Deus. Estava preparado para me servir quando a campainha tocou. Quem seria? Não esperava ninguém. Abri a porta e era meu vizinho, a esposa e as crianças, me convidando para passar o Natal com eles. Fiquei emocionado e acabei aceitando o convite. Disse que antes precisava me preparar e que logo iria.
Lembrando a receita da minha mãe, fiz algumas rabanadas e levei.
O jantar foi maravilhoso. As crianças ficaram encantadas com a presença do Papai Noel, que trouxe lindos presentes.


FELIZES FESTAS!

sábado, 3 de dezembro de 2011

Homenagem a Angela Aranha e Denize Carvalho

Na última quarta-feira, 30 de novembro de 2011, aconteceu o Ato Solene promovido pela AEILIJ São Paulo, com o apoio da Assembleia Legislativa do Estado, que tradicionalmente presta homenagem a pessoas excepcionais ligadas ao mundo da Literatura Infantil e Juvenil.


Este ano as contempladas com nosso respeito e admiração foram Ângela Aranha e Denize Carvalho, idealizadoras da Casa de Livros - Livraria que, há mais de duas décadas, faz um trabalho diferenciado com  a LIJ, levando sua paixão pela Literatura de boa qualidade a leitores, professores, feiras de livros, sempre primando pelo excelente atendimento a todos e pela valorização do Autor.

Vejam algumas fotos do evento!

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Vice_Versa de dezembro de 2011



Amigos!

Participam deste Vive-Versa  Simone Pedersen e Regina Sormani, escritoras associadas da regional paulista da AEILIJ


Simone Pedersen

Perguntas da Regina

1 - Simone, seu livro de poesias infantis “POETANDO E DESENHANDO", editado pela Komedi e ricamente ilustrado pelo Paulo Branco tem os animais como tema. Fale um pouco sobre o assunto.

R - Esse projeto surgiu de uma conversa com o Paulo. Ele leciona há trinta anos e queria fazer um livro para ensinar as crianças a desenhar, mas que tivesse um texto leve. Eu mostrei um conjunto de poemas sobre animais e a Komedi selecionou alguns. Essa edição já está esgotada e será lançado por outra editora agora em janeiro, para atender várias escolas que o estão adotando. É um livro que eu uso muito quando visito escolas porque rapidamente as crianças se interessam e interagem, contando dos seus animaizinhos e ouvindo as historinhas dos personagens que depois elas aprendem a desenhar.

2 - Você é formada em Direito e também se declara apaixonada por Monteiro Lobato desde criança. Em que momento a literatura começou a tomar conta da sua vida?

R - Quando eu era criança, havia apenas uma biblioteca na minha cidade, São Caetano do Sul, na Grande São Paulo. Na biblioteca, havia apenas uma estante pequena com livros infantis. Foi ali que eu conheci a obra do Monteiro Lobato aos nove anos. Formada, mudei para a Dinamarca onde me casei, e lia muito em dinamarquês e inglês para aprender os idiomas. Depois morei na Itália por dois anos. Naquela época não havia internet. Quando eu vinha ao Brasil comprava dezenas de livros. Mas, foi só em meados de 2008, quando retornei definitivamente, que comecei escrever de forma sistemática e participar de concursos. A Literatura sempre fez parte da minha vida - independente do idioma-.Foi a minha companhia, principalmente, nos onze anos que morei longe da família.

3 - O que representa para você a coletânea FRAGMENTOS E ESTILHAÇOS?

R - Nesse livro eu publiquei contos, crônicas e poesias que obtiveram alguma premiação em concurso literário. É o meu primeiro livro para adultos,  seguido de “Colcha de retalhos” somente com poemas: um registro do início da minha vivência literária. Em breve lanço o “O tango da vida” com contos dramáticos e em abril o “Fronteiras” somente com crônicas.

4 -  Simone, você morou no exterior, viajou muito e atualmente escreve para um jornal, revistas literárias e blogs. Além disso, participa de concursos, é delegada da UBT de Vinhedo e... é mãe do Dennis e da  Natalie. Você se considera uma pessoa super organizada ou vai enfrentando os desafios à medida que eles vão surgindo?
Só quero acrescentar que foi muito prazeroso participar deste Vice-Versa com você.  Obrigada e um beijo, minha querida!

R - Risos. Eu era muito organizada. Fui secretária executiva por muitos anos. Hoje dou mais importância ao momento. Entre organizar papéis e escrever um texto, prefiro escrever um texto. Por outro lado, se houver muita bagunça eu não consigo me concentrar, primeiro arrumo tudo. O difícil é organizar a agenda. Vivo com listas na bolsa: reuniões, contas, compras, concursos, horários dos filhos... Faço uma por dia. Eu acredito que me ajuda muito o fato de ser prática. Faço tudo online ou por fone, desde pagar contas até compras no Brasil e exterior, raramente vou ao shopping center. Tenho quem me ajude em casa, transporte escolar, motorista de táxi de confiança para meus filhos em caso de necessidade, médico, veterinária, tudo “entre amigos”.  Talvez por morar no interior seja mais fácil ter esses contatos. Por outro lado, minha família mora a 100 km daqui, tenho que ter tudo sob controle. E sobram as madrugadas para escrever!

O prazer foi todo meu! É muito bom termos um blog onde podemos conhecer melhor nossos companheiros. Obrigada e um beijo no coração!

Regina Sormani


Perguntas de Simone

1 - Regina, você respira literatura há muito tempo. Como surgiu o projeto Teatro nas Escolas e Bibliotecas? Quais atividades são desenvolvidas nele?

R – O projeto Teatro nas Escolas e Bibliotecas surgiu quando lancei o livro interativo O OVO AZUL DA GALINHA ROSA pela Paulus  e a International Paper, na época,  se interessou em patrocinar o teatro de bonecos. O sucesso da galinha Rosa, da Perua e do ovo Azul foi imediato. Durante vários anos, o teatro percorreu muitas escolas e bibliotecas da capital e interior, sempre contando com a participação de ótimos atores bonequeiros e contadores de história.  O primeiro a surgir no palquinho era o boneco Chamequinho que cantava o jingle que criei especialmente para ele. O patrocínio acabou, mas, o teatrinho continua muito solicitado e hoje em dia, apresentamos muitas outras histórias. Os BICHINHOS DO ZOOLÓGICO  peça adaptada do livro das Paulinas, é uma das mais pedidas pelas escolas.

2 - Você e o Marchi têm uma sintonia rara. Como foi a criação do boneco Chamequinho? É esse o seu projeto preferido, desenvolvido em parceria com ele?

R - A International Paper havia solicitado ao Marchi que criasse um boneco que realmente lembrasse uma folha de papel e que agradasse o público-alvo: as crianças. Então, o Marchi criou o Chamequinho parecendo um origami e que foi elaborado em aerografia. Os pequeninos adoraram!! A partir daí, o Marchi construiu um lindo boneco que  movimentava as mãos e  abria a boca.  Gravamos o jingle e o Chamequinho passou a ser o garoto propaganda da Internacional Paper, pois falava e cantava, para alegria da criançada. Ficou perfeito.
Posso afirmar, com certeza que o Chamequinho foi um dos melhores projetos que conseguimos concretizar juntos.

3 - Tenho acompanhado o Trovadores.com, publicado na revista Primavera em Sampa, e aproveito para parabenizá-la! Qual foi a reação dos leitores? Quais outros temas a revista aborda?

R - O Trovadores.com – nome criado pela Angela Leite – está sendo muito elogiado, é verdade. O número de trovadores aumenta a cada dia e aproveito o espaço para convidar a todos que gostem de trovas :  Venham trovar conosco!!!
A revista publica contos, crônicas, poesia, arte, música de vários gêneros, divulga livros e lançamentos e a cada mês homenageia um autor.

4 - Os jovens estão sedentos de boa literatura. O que você pode nos adiantar a respeito do livro que está escrevendo com o Marciano Vasques para esse público?

R - Simone, o livro está pronto, até que enfim. É um thriller, escrito a quatro mãos  e duas cabeças... rsrs... suspense e mistério para o público juvenil, ambientado aqui, em São Paulo. Deverá ser lançado em 2012, assim esperamos.


Feliz Natal!!!!



Desejo a todos um Natal de Paz e União e um 2012 com muitos e muitos livros.
Grande abraço,
Regina Sormani 

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Homenagem 2011

Amigos,

Dando continuidade à tradição da AEILIJ Paulista de homenagear pessoas ligadas ao mundo dos livros, este ano temos o grato prazer de anunciar que iremos homenagear um livreiro.
E, em votação num dos encontros dos associados paulistas, não apenas uma pessoa foi escolhida, mas duas!

Por sua atuação pela divulgação da LIJ e pelos anos de desenvolvimento de um trabalho sério com autores, editores e educadores, rendemos nossa homenagem às queridas Denize Carvalho e Ângela Aranha, da Casa de LIvros.

A Homenagem se dará a partir das 19h do dia 30 de novembro de 2011, quarta-feira, mais uma vez no Auditório Teotônio Vilela, na Assembleia Legislativa de São Paulo - Av. Pedro Álvares Cabral, 201 - Ibirapuera.

Contamos com sua presença!

terça-feira, 22 de novembro de 2011

Um livro do qual gostei muito - A Turma da Pororoca



Este livro, repleto de diálogos aparentemente cômicos, traz embutido os diferentes tipos humanos que andam por aí. Uma boa análise dos textos, ajudará os alunos a desenvolverem um senso mais aguçado para captarem o que os colegas estão realmente dizendo. Fato de grande importância quando o tema principal é a tolerância. Trata a necessidade de sentir-se parte da turma, de forma carinhosa. Relata as diferentes reações
dos alunos com a chegada de um novo colega. Foi editado pela  Nova Didática em 2003 e ilustrado por 
Theo Cordeiro. Em 2010, A TURMA DA POROROCA foi reeditado pela Cortez.
Fabia Terni é escritora associada da regional paulista da AEILIJ

domingo, 13 de novembro de 2011

Era uma vez...O monstrinho medonhento

O monstrinho medonhento
Caros amigos,
"O monstrinho medonhento", obra do grande ator, autor e compositor -Mário Lago- é uma história interessante, um pouco alegre, um pouco triste, surpreendente.
Creio que não será muito fácil encontrá-la nas grandes livrarias, pois foi publicado pela editora Moderna em 1984. Alcançou mais de 20 reedições. Recomendo que procurem num sebo, onde, sabendo-se escolher, pode-se encontrar bons livros. Meus filhos leram esse livro para trabalhos escolares e lembro-me que gostaram muito.


Quando os habitantes da Cidade dos Homens souberam que um monstro iria nascer, ficaram assustados e muitos deixaram a cidade. Medonhento nasceu no Palácio dos Horrores, herdeiro de seu Monstro Terrível e de dona Monstra Perigosa. Para esperar pelo momento do nascimento, vieram monstros, feiticeiros, bruxas e todo tipo de criaturas pavorosas. Todos, muito ansiosos para ouvir o primeiro urro de Medonhento. A imprensa e a televisão lá estavam, é claro, para noticiar tão impressionante evento.

No exato momento do nascimento, o mensageiro do palácio gritou:
- Parem com essa barulheira! Está nascendo!
Quando Medonhento acabou de nascer, a multidão rodeou seu berço que era uma panela feita de esqueletos e todos ficaram aguardando o tal urro medonho. O urro que iria rachar o mundo no meio. O monstrinho abriu a boca e...sorriu ao dizer:
- Com licença...
Disse isso, com voz de anjo, o que é muito pior, em se tratando de monstros. E não parou por aí. Quem ler....verá!


Numa entrevista, o autor explicou que a história surgiu de uma pergunta feita por sua esposa, durante uma conversa a respeito dos dias atuais:

- Será que os filhos dos monstros não acham desagradável a profissão dos pais?
Convido os leitores a responder essa pergunta e descobrir outras respostas, lendo este livro muito, muito interessante.


Um beijo e boa leitura,
Regina  Sormani

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

PÁGINA DO ILUSTRADOR - 24 - MONICA FUCHSHUBER


PÁGINA DO ILUSTRADOR - 24

Nesta edição apresentamos a ilustradora
MONICA FUCHSHUBER


Mônica Fuchshuber é uma designer e ilustradora carioca.

Estudou Comunicação Visual na Escola de Belas Artes da Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ e fez Pós Graduação em Comunicação na ESPM – São Paulo.

Mônica nasceu no Rio de Janeiro, mas assim que se formou, em 1988, foi morar em São Paulo. Nessa cidade permaneceu por mais de 20 anos e foi lá que construiu sua carreira na área de ilustração.

Inicialmente, começou trabalhando para confecções, desenhando estampas para camisetas.

Interessada em partir para novos desafios, mudou radicalmente sua area de atuação. Foi nessa época que surgiram os desenhos para cartões comemorativos.




Logo a seguir, começaram a surgir os trabalhos para o mercado Editorial.


Ilustrações para a Editora Escala




Ilustrações para a Editora Nova Cultural



Ilustrações para a Editora Online


Ilustrações para a Editora do Brasil


Ilustrações para a Editora FTD



No início do ano de 2010, Mônica retornou à sua cidade natal, o Rio de Janeiro, onde vive desde então. Naquela cidade, seus desenhos com temas brasileiros começaram a fazer sucesso em cangas, que se espalharam pelas praias de todo o Brasil.



Para saber mais sobre o trabalho da Mônica Fuchshuber, visite o seu site:

www.monicafuchs.com.br

contato@monicafuchs.com.br

Tel: (21) 2288-6947

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

QUEM CONTA UM CONTO


Olá!



Cá estou, de novo, para compartilhar com você a história deste mês.





Contada pela associada escritora Regina Drummond e enviada diretamente de Munique, Alemanha, garanto que é diversão na certa.





Prepare seu cafezinho e saboreie com a história.





SERÁ QUE O PAPAI ESTÁ GRÁVIDO?

Eu tinha certeza de que o meu pai estava mesmo grávido. Primeiro, porque tudo estava acontecendo do mesmo jeito que as coisas se passaram quando a minha mãe teve a minha irmã nenê. Segundo, porque todo mundo ficava falando nisso. E terceiro, por causa de uma pergunta que eu sempre me fiz. Vou contar só para você, por favor, não espalhe (a minha avó é quem fala assim), mas nunca entendi porque só a mãe carrega o filho dentro da barriga, enquanto o homem, que não faz nada, vira “o pai”.
No começo, meu pai ficou esquisito, meio sonhador, como se vivesse nas nuvens, distraído. Eu falava com ele, ele nem respondia. Quando eu insistia, ele fazia “Ahn?”. E todo mundo parecia preocupado com ele: “O Thomas está bem?”, perguntava um; e logo vinha outro: “Como vai o Thomas?”
Ele, quieto no canto, poucas palavras, muito olhar. Médicos. Exames. Remédios.
Em seguida, a barriga começou a crescer. E não apenas para a frente, para os lados também. O corpo dele pouca diferença fazia, mas a barriga foi indo, foi indo, igual balão soprado de mansinho... Fiquei com medo de que estourasse, já pensou? Estoura e voa tripa pra tudo quanto é lado, voa comida mastigada, coca-cola e hambúrguer, carne, arroz e feijão? Eca, que meleca!
Não estourou, mas cresceu mais um pouquinho. Estufou. Encheu.
Ele parecia entupido. Para andar, precisava apontar o bico dos pés para o lado de fora e jogar o corpo, passo da esquerda, perna da direita, passo da direita, perna da esquerda, quase andando de lado, marinheiro em alto mar. Eu, que já viajei de navio, sei que é assim: mesmo querendo ir para a frente, a gente não consegue, joga o corpo para os lados sem querer, empurrado pelo doce balanço das ondas, ai, ui!
Os amigos riam e diziam:
- O Thomas está grávido!
Ou perguntavam, zombeteiros:
- Quantas semanas já tem esse nenê?
Uns diziam que ele estava na trigésima semana, outros contavam por meses:
- Já deve ter uns sete ou oito!
E nada daquele nenê nascer!
Certo domingo, no almoço, ouvi uma conversa secreta das mulheres, daquelas que elas sempre mudam de assunto quando a gente chega. Minha tia dizia que achava muito estranho que as mulheres tivessem meninos e meninas na barriga.
- Injusto! – exclamou ela, nervosa, falando mais alto do que deveria e provocando um monte de psius. – Dos homens deveriam nascer os meninos! Das mulheres, as meninas! Ou o contrário, tanto faz. Qualquer coisa, menos desse jeito que é! Sobra tudo pra nós e eles ficam aí, em berço esplêndido!
Não entendi direito, mas já ouvi uma voz que parecia ser a da vovó, dizendo:
- Ser mãe é um presente da vida!
Se foi mesmo ela quem disse isso, posso apostar que se benzeu, fazendo o sinal da cruz várias vezes.
- Na opinião da senhora, seria melhor se as mulheres botassem ovos? – quis saber a minha prima mais velha.
Diante da ideia dela, minha tia ficou ainda mais brava e gritou, saindo da sala:
- Mal educada! Vá se meter na conversa de outro!
Bem... concluí, talvez o desejo da minha tia estivesse se realizando agora: dos homens nasceriam os meninos. E, a partir daquele momento, tive certeza de que meu pai estava com o meu irmão na barriga!
Resolvi perguntar:
- Pai, quando é que o meu irmão vai chegar?
Ele riu, surpreso:
- Que irmão? – Depois, piscou um olho para mim e respondeu: - Não sei. Nem sabia que você tinha irmão!
Eu fiquei toda desconsertada, mas minha avó entrou naquele minutinho e mudou o assunto.
O tempo ia passando e a barriga ia crescendo mais e mais. Com vergonha de perguntar, eu ficava imaginando coisas.
Se não fosse um filho, o que poderia ser?
Será que meu pai estava encantado ou tinha sido enfeitiçado por alguma bruxa?
E o que ela faria com ele agora?
Teria um monstro no barrigão?
Nesse caso, como ele tinha ido parar lá dentro?
Vai ver eram sapos. Isso. Meu pai bebeu água do rio, engoliu uns girinos e agora eles estavam crescendo, crescendo...
De que tamanho ficariam?
Fiquei apavorada! Tinha medo de que essas criaturas matassem meu pai!
Eu tinha muitas perguntas, mas nenhuma resposta.
De repente, me lembrei: De que rio meu pai poderia ter bebido água? Nem passava rio nenhum na minha cidade! Ali não havia nem riacho, nem córrego, nem mesmo um lago!
Não. Era uma bola o que ele tinha engolido. Ou melhor, ele tinha engolido o meu irmão. Só podia ser mesmo isso.
E, quando a barriga ficou de um tamanho tão grande que não tinha mais por onde crescer, resolveram operar. Era o nascimento.
Papai foi levado para o hospital. Mamãe preparou tudo, cuidadosamente. Pegou a mala que tinha feito na noite anterior e ajeitou no porta-malas; depois, ajudou-o a entrar no carro, perguntando, a todo momento, se ele estava bem. Eu fiquei com a minha avó, dando tchauzinho da porta. Mamãe dirigia devagar e custou para dobrar a esquina e desaparecer. Parecia que ela tinha dez dedos em cada mão e o carro, pneus de balão.
A notícia chegou logo: tudo correra bem.
Só mais tarde me contaram...
Sabe o que saiu de dentro do barrigão?
Uma melancia.
Foi aí que eu compreendi tudo: papai adorava melancia. Certamente, na pressa de comer, ele tinha engolido alguns caroços. Um deles brotou, e cresceu, e cresceu...
Ele tinha uma barriga de melancia!
E eu, querendo tanto um irmãozinho...




sábado, 5 de novembro de 2011

Palavra do autor




Sobre a qualidade dos livros infantis

Por Antonio Nunes (Tonton)
Mais importante do que escrever em estreita consonância com as teorias pedagógicas ou psicológicas do desenvolvimento infantil é escrever com o coração. E isto não quer dizer que aquilo não será alcançado. Mas, a reciproca nem sempre será verdadeira. Há de se escrever com naturalidade, sem artificialismos, pois, do contrário, tal será prontamente percebido e - via de regra - rejeitado pelas crianças. Em sua criação, o texto deve fluir livremente, para de igual modo ser consumido. Como será possível se produzir leveza se, de pronto - ainda em seu nascedouro - o texto trouxer em seu DNA rigorosos limites? Se assim fosse exigível, somente os iniciados naquelas ciências poderiam produzir belezas. E tantos criadores - dos mais populares aos clássicos - já criaram textos tão esplendorosos, plenamente isentos desta preocupação, que esta inegável constatação  põe por terra tamanha insustentável pretensão.

Antonio Nunes é coordenador da regional AEILIJ de Pernambuco

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Vice-Versa de novembro de 2011






Amigos, 
O Vice-Versa de novembro apresenta os ilustradores da SIB: Pedro Lucente e Gilberto Marchi.
Um forte abraço a todos,
Regina Sormani




Pedro Lucente


Respostas de Pedro

1) Pedro, por quanto tempo você manteve estúdio em Portugal? Foi difícil para sobreviver lá trabalhando com publicidade?

R: O Estúdio "Universo 87" iniciou sua atividade após minha ida para Portugal,  em novembro de 1986. Foi uma idéia conjunta de brasileiros e portugueses para atender a uma demanda crescente de trabalhos terceirizados, por parte das agências de publicidade portuguesas.  No início, fornecíamos maquetes (layouts), story boards e artes finais (execução e, muitas vezes, criação).  Na década de 90 começamos a produzir slides shows comandado por computador. Participei da Universo até novembro de 1992, quando retornei ao Brasil. Enfim, foram 6 anos muito bem vividos com direito a prêmio dos Correios de Portugal pela melhor mala direta realizada para Citroen.
Foi tranqüilo para mim trabalhar em Portugal, naquela época.  Havia uma defasagem muito grande entre o mercado publicitário português e o brasileiro. Talvez umas duas décadas de diferença e esse fator foi determinante para a minha adaptação e para o sucesso da Universo 87 como estúdio de designer gráfico.

2) Seu pai fundou um jornal em Brotas e você continua a  publicá-lo. Fale um pouco sobre seus projetos.

R: Na verdade meu pai comprou o jornal O Progresso aos 26 anos de idade e lá esteve como diretor até 66 anos. Durante o período em que esteve enfermo e após seu falecimento, o jornal ficou por um tempo, arrendado para os antigos funcionários da gráfica e do jornal.
Quando retornei de Portugal minha irmã já tinha assumido o jornal como jornalista responsável. Já estabelecido em São Paulo, fiz um projeto gráfico para O Progresso que, até então era impresso em tipografia, ia entrar para era da informática. Fazia parte deste projeto uma página inteira dedicada ao humor:  cartuns, tiras e história em quadrinhos. Logo no início, esta página de humor batizada como¨Abobrinhas.com¨ fez sucesso e alavancou um aumento nas vendas de assinaturas e publicidade. Publicamos inclusive, tiras com o seu traço e argumentos da Regina Sormani, sua esposa: o fantástico Pecezinho, o pequeno corrupto.
Minha intenção é transformar esta página de humor num veículo de divulgação para o que há  de melhor no humor gráfico brasileiro. Um espaço aberto para ilustradores, cartunistas, caricaturistas, etc... Para  viabilizar isso, estou desenvolvendo um trabalho de prospecção para aumentar o número de anunciantes e com isso conseguir recursos financeiros para contratar os melhores profissionais da área. 

3) Sei que você gosta muito de aquarela e tem realizado bons trabalhos. Como foi sua 1ª exposição?

R: Sim, a aquarela sempre me atraiu pela leveza das cores, pela transparência, apesar de ser uma técnica de difícil execução.
O resultado da exposição foi bem satisfatório, consegui até vender alguns exemplares (rsrs)! Os trabalhos expostos foram executados nas aulas de aquarela ministradas por você, Gilberto Marchi.

4) Você tem alguma queixa com relação ao mercado  de trabalho do ilustrador? Se tiver, bote a boca no trombone!

R: Acho  que a ilustração está muito mal avaliada pelos atuais editores e diretores de arte.  A ilustração, seja ela editorial ou publicitária, deveria ser parte integrante de qualquer projeto gráfico, assim como é a fotografia. Acho que a ilustração no Brasil já teve dias melhores. Penso que: como é  um trabalho autoral, deveria ser mais valorizada e melhor remunerada. A história está aí para provar que ilustradores do mundo todo foram responsáveis por transformar cartazes, revistas, em verdadeiras obras de arte. O cartaz tem uma dívida impagável para com Toulouse Lautrec, assim como a revista New Yorker para com seus cartunistas.

Gilberto Marchi 

Respostas de Marchi


1) Marchi, em que época você considera que a ilustração teve o seu melhor período no nosso país?

R: Nos anos 60 até meados de 80. Creio que esse foi realmente o período onde Jaime Cortez, Benicio, Getulio Delfin, Flavio Colin, Noguchi, Manuel Victor e Nico Rosso, entre outros, trabalharam muito. Eu, nos anos sessenta estava começando minha vida como pintor. Somente comecei a ilustrar em 1974.

2) Pergunta:  -  conte o milagre, mas não diga qual foi o santo:   Qual foi a ilustração que lhe deu maior trabalho devido a um "briefing" mal feito e que foi obrigado a refazer? 

R: Foi uma arte “meio besta” rsrs. Consistia em fazer  bolas de natal vermelhas. Inicialmente, me pediram para fazer  desenhos bem realistas. Passei o dia, varei a noite, só olhando para aquilo tudo em vermelho, tentando fazer os reflexos de uma bola na outra e assim por diante. Uma loucura!! Eram reflexos que não acabavam mais. Na manhã seguinte, olhei para fora e quando vi uma árvore, a cor verde parecia ser  luminosa. Fui tomar café e o café estava esverdeado. Em tudo que eu focava as cores ficavam alteradas. Minha visão estava sensibilizada de tanto olhar para o vermelho. Para encurtar, não terminei o trabalho no prazo e aí o diretor de arte me pediu:  - Faça bem solto! Não precisa ter reflexos. Aí ficou fácil. Em duas horas o trabalho ficou pronto.

3) Para um jovem ilustrador iniciante, qual seria sua orientação para que tenha sucesso em sua empreitada?

R: Estudar muito. Desenhar tudo que vê e imagina. Estudar o trabalho de mestres do passado e de hoje. Quando digo estudar é saber o período no qual a arte foi feita, o porquê e tentar descobrir como foi executada. Não sou afeito a cópias. Acho melhor analisar e depois tentar fazer um trabalho pessoal.

4) Neste momento de sua carreira, valeu a pena ser ilustrador no nosso país?

R: Valeu. Pela quantidade de trabalhos que fiz, mais de 5.000 artes editadas, os prêmios que ganhei e apesar da computação, ainda continuo a trabalhar com papel, tintas, telas, lápis, etc...Acho que foi bom, sim. Se estivesse em outro país, talvez minha carreira tivesse tomado outro rumo, quem sabe estaria rico, mas, não me arrependo de nada. Espero apenas que a ilustração volte a ser mais valorizada na publicidade, porque realmente no cenário atual esse setor está muito fraco e acho que os ilustradores poderiam dar uma contribuição valiosa, tanto na criação como na imagem.