quinta-feira, 29 de abril de 2010
Álbum do Blog- Reunião AEILIJSP 28/04/2010
Meus caros,
Nossa reunião de 28 de abril na Assembleia foi excelente, começando com as sugestões para o homenageado 2010. Eis os nomes que surgiram: Ziraldo, Eva Furnari, Pedro Bandeira, Edmir Perrotti, Maurício de Souza, Ruth Rocha e outros. Particularmente, gostei muito da sugestão do escritor Manuel Filho,que não esteve presente, mas, mandou seu recado: o voto dele vai para Francisco Marins, o escritor da juventude. Estou pesquisando vida e obra do autor e depois divulgarei os dados cbtidos.
Falamos a respeito da parceria que a AEILIJSP poderá começar com a Praler, apoiando a vinda de uma exposição de ilustradores aqui para S. Paulo, no Parque da Água Branca. Sem dúvida, o que causou entusiasmo entre os autores foi o bate-papo com a Ceciliany, da FTD. Perguntei a ela o motivo da recusa das editoras em publicar livros de poesia. Ceciliany nos explicou que tem encontrado resistência por parte dos professores em adotar livros de poesia porque não se sentem à vontade para trabalhar com a linguagem poética. Que coisa, não? A seguir, transcrevo a fala do nosso conselheiro Edson Gabriel e suas considerações sobre nosso encontro.
Oi pessoal,
De fato nossa reunião de ontem foi muito boa. Pouca gente, como sempre. Uma pena, pois acho que o grupo poderia se fortalecer mais. De qualquer forma, vamos como dá, sem apressar o rio, pois ele, como disse um sábio filósofo índio, ele corre sozinho.
Duas e meia pequenas observações.
Primeira: além dos nomes já citados, rolou uma sugestão de se homenagear os livreiros pioneiros especializados em LIJ. Talvez uma homenagem coletiva a vários deles. Gostei muito dessa idéia. Dos profissionais do livro, o nome que me parece se encaixa bem no nosso propósito é o da Ruth Rocha. Mas, como disse a condessa Rê Sormani, vamos fermentando e ver o que dá.
Segunda: o bate papo com a Ceciliany foi ótimo. Em cima do que queríamos. Eu particularmente gostei muito da sua resposta à minha pergunta-comentário sobre a literatura para jovens. Entendo que a literatura infantil brasileira é fartamente brindada com talentos da palavra e da imagem e da produção, com produtos belíssimos. Mas não vejo a literatura juvenil, apesar dos talentos - que são muitas vezes os mesmos profissionais - com esse brilho. Ela respondeu que também vê dificuldade em encontrar textos interessantes para esse público e que nos catálogos acabam prevalecendo clássicos e adaptações. (Claro que aqui estou tratando do assunto bem sinteticamente.) E deu dicas ótimas (pena que não é tão fácil assim!) para quem quiser escrever um bom texto juvenil: entrar de cabeça no mundo da moçada, saber o que se passa na cabeça e na emoção do jovem, lidar bem com a linguagem, num sentido criativo, amarrar bem a história e ... surpreender sempre. Taí, quem se habilita!???
Meia observação(final): os nossos coquetéis são gostosíssimos. Às vezes tenho a ligeira sensação de que a gente se reúne para comer e beber e falar abobrinha, usando como desculpa a pauta da aeilijpaulista. Será que estou errado?
Abraços
Edson Gabriel
Abaixo, duas fotos da Ceciliany, palestrando, e algumas outras com o pessoal que estava presente: Edson, Danilo, eu, Nireuda, Alina, a Rosana, futura associada, Maria Luiza, Maria Amália e Fábia.
Um beijo,
Regina Sormani
terça-feira, 27 de abril de 2010
Convocação para reunião da AEILIJ SP dia 28/04/2010
Faremos a primeira reunião da nossa regional, dia 28 de abril de 2010, quarta, na Assembleia Legislativa de São Paulo, sala Teotônio Vilela. Às 19 hs, abriremos a pauta com assuntos de interesse da classe, inclusive, recolhendo sugestões a respeito do próximo homenageado. Como vocês devem saber, esse projeto começou em 2007, em parceria com o deputado Carlos Giannazi e na ocasião, homenageamos Tatiana Belinky. Em 2008 foi a vez de Nelly Novaes Coelho e em 2009, José Mindlin. Também falaremos sobre o espaço que a Praler vai oferecer aos ilustradores, em maio, no Parque da Água Branca. Às 20 hs, a Ceciliany da FTD fará uma palestra e para finalizar,a AEILIJ SP oferecerá um pequeno coquetel.
Estão todos convidados.
Um abraço,
Regina Sormani
quarta-feira, 21 de abril de 2010
QUINTAS - 4
NO DIA EM QUE BEIJEI A TATIANA BELINKY |
No dia em que beijei a Tatiana Belinky, em que estive pela primeira vez com a querida vovó do Brasil, a que um dia foi a menina louca por livros, em que a chamei de meu amor e pude abraçá-la, nesse dia também conheci pessoalmente o Chico dos bonecos, e meu coração foi invadido pelas Meninas do Conto na alegria.
Porque a alma é grande percorri como num filme os meus enganos, destinos que fui tecendo por esta grandeza na qual não há estudioso que venha a se debruçar.
Alfelizabeto, felicionário, palavras que invento. Depois penso em cair na estrada, penso que muito antes de surgir essa idéia em meu coração, tive o privilégio de cair nas estrelas.
Por ter um compromisso tático com o filósofo e com o poeta, um compromisso de sobrevivência, um contrato mental, então a morte não me interessa, não me interessa como assunto, não suporto a idéia de estar com alguém que insista no assunto morte. Tenho plena consciência da sua inevitável chegada em todos os seres, mas o compromisso verbal de quem se aproximou dos poetas é com a vida.
Deve ser tão bonito ser Tatiana Belinky! Deve ser algo assim parecido com ter sido Paulo Freire. São pessoas que se tornam personagens, pessoas que não podem ser traídas. Se você trai Paulo Freire, por exemplo, é problema. Estou querendo dizer que haverá sempre um último porto, uma última resistência. Ou seja: ou a morada da ética está dentro de você, ou então...
Alguém na solidão de um apartamento lendo Erich Fromm, a vovó de rosto redondinho falando doçuras: nossa época não é totalmente descabida.
segunda-feira, 19 de abril de 2010
PÉ DE MEIA LITERÁRIO 08
PÉ DE MEIA LITERÁRIO (8)
A dupla formação do educador: leitor e mediador
Quem acha que a vida é moleza, espie um pouco essa dupla mão da estrada do educador envolvido em ensinar seus alunos a gostarem de ler. Ao mesmo tempo em que vai se firmando como leitor, aprende e repassa o que aprendeu para formar outros leitores. Uma estrada de mão dupla: de um lado caminha o leitor e do outro lado caminha o mediador. Aprendendo a ler, o educador vai se fazendo leitor; descobrindo os caminhos da mediação, vai se fazendo um mediador.
Como leitor, o educador vai acumulando experiência de saborear textos, de encontrar saberes guardados, de lidar com o desejo e com a escolha. Sobretudo, o educador vai se fazendo leitor descobrindo o convite ao prazer da aprendizagem que todo texto faz.
Como mediador, o educador vai encontrando caminhos, formas e jeitos de se colocar entre o leitor aprendiz e o texto. Primeiro, bem perto, bem próximo, quase no meio, entre o leitor e o texto, de forma a sentir a respiração do aprendiz em seus contatos com o texto. Depois, ligeiramente mais distante, mas ainda quase ao lado, ouvindo o compasso dos olhos do leitor aprendiz. Finalmente, distante, ausente, mas ainda próximo, acompanha a precisão do tato na escolha feita pelo leitor, agora mais do que um aprendiz, do próprio caminho no diálogo com o texto.
A vida é assim: a gente aprende e ensina. Aprende com quem já sabe um pouco e ensina quem sabe outro pouco. Aprende com o colega educador do lado, com o recado no mural, com a página marcada do texto lido antes por alguém, aprende com o jogo de olhares dos aprendizes. E aprende consigo próprio. Além de aprender, o educador, leitor e mediador, ensina quem sabe pouco e quem sabe muito. Sabendo pouco ou muito, sempre há espaço para aprender com alguém por perto. Quem ainda não percebeu essa condição da vida, precisa pensar sobre isso. Rapidamente. Quem acha que sabe tudo, sabe pouco. Quem acha que sabe pouco, está pronto para aprender muito. E vai descobrindo, aprendendo, prestando atenção, ensinando, tomando cuidado. De repente pensa que está aprendendo, mas está mesmo é ensinando. E quando pensa que está ensinando, ah! está mesmo é aprendendo.
Aprender e ensinar. Ser leitor e mediador ao mesmo tempo solicita ao educador carinho pelo texto, olhar de curiosidade, persistência e paciência na acomodação constante dos novos sentidos. Solicita ouvidos atentos para a diversidade e pluralidade e demanda amorosidade na dose certa para acompanhar perguntas, dúvidas e indecisões.
Para encerrar esse dedo de prosa, fica um mote para você refletir, na esteira do pensamento pra lá de conhecido de Guimarães Rosa, que escreveu e disse, por entre sertões e veredas “mestre não é quem sempre ensina, mas quem de repente aprende”: educador mesmo é aquele que se faz leitor e se dispõe à mediação.
Assim, assim, educadores vão se fazendo mediadores e leitores e enchendo nosso pé de meia literário com seu trabalho nas escolas do nosso país.
EDSON GABRIEL GARCIA
(educador, escritor e leitor nas muitas horas quase sempre vagas)
quarta-feira, 14 de abril de 2010
Canto & Encanto da Poesia
QUINTAS 3
José Saramago
Os irmãos encontram uma casa coberta e recheada de doces. Tudo nela é feito de guloseimas. O telhado, as paredes. Pirulitos, sorvetes e delícias de todos os tipos.
Um caso de utopia contemporânea: o humano das utopias fortalecendo-se diante da figura carismática de um governo.
Na impossibilidade de alcance da satisfação das necessidades, a mente humana, - maravilhoso prodígio do mundo -, elabora utopias.
sábado, 10 de abril de 2010
PÁGINA DO ILUSTRADOR - 2 - 04/2010
sexta-feira, 9 de abril de 2010
Vice-Versa de Abril de 2010
Meus caros,
Participam do Vice-Versa de abril, os escritores: Márcia Leite (SP) e Caio Riter (RS)
Agradeço aos dois!
Grande abraço a todos,
Regina Sormani
Caio Riter pergunta, Márcia Leite responde
1. Quais suas principais preocupações quando você se lança à escrita de um texto para adolescentes? É diferente de escrever para crianças?
Minha principal preocupação, quando escrevo para adolescentes, é escrever uma boa história. E considero boa história aquelas que possam fazer alguma diferença na vida do leitor, que o desacomodem um pouco do mundo onde estava sentado, que o provoque a ponto de que ele tenha vontade de acrescentar uma vírgula – ou reticências–, onde antes havia colocado um ponto final. Em outras palavras, preocupo-me em criar uma história em que tema e linguagem se complementem da melhor maneira, de modo com que o leitor adolescente possa sentir algum tipo de cumplicidade com seus personagens, com o enredo.
Lembrei-me de que no filme “Tiros em Columbine”, em que o diretor Michael Moore focaliza a tragédia ocorrida naquele colégio, surpreendi-me com a resposta do controverso artista Marilyn Manson, que, cá para nós, não seria considerado um bom modelo para os jovens pela maioria dos pais e educadores, e no entanto me presenteou com um excelente ponto de partida para as reflexões que me orientam na hora em que me coloco na frente do computador com a intenção de escrever um texto para adolescentes. Ao ser questionado sobre o que os jovens de Columbine precisavam, o cantor respondeu, sem pestanejar, que se deveria indagar a esses próprios jovens o que eles queriam. Em outras palavras, dar voz e escutar o que os adolescentes têm a dizer.
Não tenho dúvidas de que os jovens reconhecem quem sabe falar com eles, porque identificam nessa “fala” um movimento anterior de escuta e respeito, e que pode acontecer pelo diálogo com os pais, com um professor, uma letra de música, um programa de televisão... um livro.
De certa maneira, tomadas as especificidades da faixa etária, do repertório de vida, do fôlego de leitura e das condições de compreensão leitora, creio que não há tanta diferenças entre escrever para adolescentes ou para crianças. Para mim as preocupações são as mesmas: escrever uma boa história, com personagens intensos e convincentes.
2. Em sua opinião, existe tema tabu, quando se pensa a literatura infanto-juvenil? Você se impõe alguma autocensura ao escrever, tipo: "Bah, acho que ninguém publicará texto sobre tal assunto"? Qual, na sua opinião, é seu livro mais polêmico em relação à temática? Por quê?
Na minha opinião não existem temas tabus, existem temas sobre os quais os adultos evitam falar com as crianças ou adolescentes. E, veja bem, são os adultos que rotulam os temas como apropriados ou impróprios. Isso por que todos os temas, tabus ou não, estão no entorno de qualquer leitor, direta ou indiretamente, tenha ele 5 ou 50 anos.
Não me censuro, ao contrário, me sinto atraída por ter a chance de problematizar por meio da literatura, e com literariedade, temas que precisam ser abordados simplesmente estão aí, porque fazem parte da vida.
Felizmente o mercado editorial tem se mostrado mais receptivo a todos os tipos de temas, coisa que não acontecia há bem poucos anos. Tenho escrito e publicado textos que trazem temáticas complexas, como drogas, iniciação sexual, bulling, homossexualidade, famílias homoafetivas, morte, abandono, doenças crônicas, portadores de necessidades especiais, famílias desestruturadas e desestruturantes, gravidez etc. Como vê, de uma forma ou de outra, quase todos os textos que me interessam são, digamos assim, polêmicos para o censo comum.
Ë difícil afirmar qual é dos meus livro é o mais polêmico em relação à temática abordada, depende tanto dos dos valores e do ponto de vista dos leitores, não? Posso, no entanto, afirmar que o livro “Do jeito que a gente é”, publicado em 2009 pela editora Ática, precisou de alguns meses até que fosse “autorizado” a sua edição. Eu nunca escrevi uma história pensando se meu leitor seria um garoto ou uma garota. Sempre acreditei que escrevia para leitores e ponto. Um dia, me dei conta de que a literatura juvenil no Brasil não contemplava realmente todos os seus leitores. Fui pesquisar e descobri que os livros para adolescentes nunca apresentavam personagens cuja orientação sexual não fosse heterossexual.
Ou seja, os leitores que não se enxergavam nesse modelo de relação menino/menina nunca poderiam contar com a experiência intransferível que a literatura nos propicia, de conseguirmos dialogar com o texto, projetando-nos nele, reconhecendo-nos na vida de seus personagens. Por isso escrevi uma história em que um dos protagonistas é homossexual. Assim, ele pode dar alguma voz aos garotos e garotas que precisam esconder sua sexualidade para que possam ser respeitados nas salas de aulas, nas suas famílias, entre seus amigos. Infelizmente a homossexualidade só é tabu porque ainda vivemos em uma sociedade que alimenta o preconceito e a intolerância a tudo que não é igual. Acredito no papel transformador da literatura e nas portas que se abrem com as novas gerações de leitores.
3. No universo da literatura infantojuvenil, percebe-se que muitos textos são mais textos de histórias do que de personagens, ou seja, a preocupação maior parecem ser as ações e não o mergulho no "eu" dos personagens. Quando você escreve, o que mais a atrai: as ações ou o universo interior das personagens? Por quê?
Concordo com você, há mais textos de histórias do que de personagens. Mas acho que nós dois, Caio, não fazemos parte desse clube. Cada vez mais me reconheço como uma escritora que trabalha com a as diferentes manifestações e representações do mundo interior. Meus personagens vivem intensamente dentro deles, muitas vezes até mais do que no “mundo” real. A importância dos relacionamentos, dos afetos e das transformações são temas sempre presentes em tudo o que escrevo.
Nunca tive e não tenho a expectativa de que um livro ou um personagem seja capaz de ensinar valores ou desbancar atitudes. Acredito que personagens e histórias podem sim ajudar o leitor a se conhecer melhor e a entender com mais clareza algumas situações com as quais convive, seja no seu mundo exterior ou no interior.
Talvez, sendo bem otimista, a literatura, possa vir a ser uma das boas maneiras de se propiciar alguma forma de autoconhecimento e transformação.
Eu, por exemplo, creio que fui salva pela literatura, parece romântico, sei bem, mas era nos livros que eu me refugiava desde muito nova, e foram eles que me desafiaram e me ajudaram a ver que existiam mundos e vidas bem diferentes da que eu conhecia.
Já que estamos fazendo uma entrevista “virtual”, posso ceder à tentação de acrescentar um trecho de um texto maravilhoso de Bartolomeu Campos Queirós, chamado O livro é passaporte, é bilhete de partida:
“Texto e leitor ultrapassam a solidão individual para se enlaçarem pelas interações. Esse abraço a partir do texto é soma das diferenças, movida pela emoção, estabelecendo um encontro fraterno e possível entre leitor e escritor. Cabe ao escritor estirar sua fantasia para, assim, o leitor projetar seus sonhos.
(...) Reconheço, porém, um momento em que se dá o definitivo acontecimento: a certeza de que o mundo pessoal é insuficiente. Há que buscar a si mesmo na experiência do outro e inteirar-se dela. Tal movimento atenua as fronteiras e a palavra fertiliza o encontro”.
4. Escrevemos juntos a coleção Historinhas Bem... E, como você mesma disse, foi um grande desafio produzir um texto à distância e a quatro mãos. Assim, repito a pergunta: como foi tal experiência pra você?
Fizemos uma estranha e fecunda parceria, não é mesmo? A partir de uma consigna bem limitada (tema e foco narrativo em 1ª pessoa) conseguimos fazer milagres. Meu grande desafio foi me libertar do seu fantasma, ou seja, tentar ignorar que você também estava escrevendo uma história para o mesmo livro, com um personagem que vivenciaria situações que poderiam ser semelhantes ou totalmente distintas das que eu estava construindo. Por que, se eu me deixava contaminar pelo seu fantasma, corria o risco de travar. O fato de não nos comunicarmos enquanto escrevíamos foi uma estratégia que facilitou esse descolamento. A troca só de dava quando o texto estava concluído e deixamos para nosso editor a incumbência de nos orientar. Claro que poderíamos palpitar no texto do outro se quiséssemos, mas houve uma espécie de acordo não dito que nos levou ao mesmo procedimento: os livros teriam a impressão digital dos autores em suas histórias. Assim fui perdendo o medo do fantasma do Caio Riter e a coisa deslanchou.
Outro desafio, para mim, não sei se para você também, foi o de tentar. trabalhar de um jeito divertido e simples com emoções muito verdadeiras, muito sérias e por isso muito humanas.
Foi uma experiência e tanto, e espero que possamos repetir outras tão prazerosas e desafiantes como essa.
Márcia Leite pergunta, Caio Riter responde.
1. De que maneira o leitor Caio Riter influenciou o escritor Caio Riter?
A leitura entrou na minha vida, não sei bem como. Livros eu não tinha em casa, mas havia em minha infância uma mãe contadora de histórias, e gibis, e fotonovelas, e a fascinação por ouvir e ler histórias, dos mais diferentes tipos. Creio que estes textos estão presentes na pré-história do leitor Caio. Na verdade, o desejo de inventar mundos ficcionais, de inventar realidades possíveis, filtradas pelo meu olhar, começou a brotar em mim graças aos livros que, então, já eram necessidade. Passava dias e noites envolvido com a leitura e comecei a experimentar escrever histórias, as quais não eram mostradas a ninguém. Ofício silencioso e solitário. Muito do Caio-Leitor, com certeza, reside no Caio que escreve. Há na leitura o maior (e grande) aprendizado da escrita.
2. Muito se fala de transpiração X inspiração, planejamento X intuição, disciplina X criatividade e outros pares como esses quando se procura descrever o processo de escritura. Qual dos lados da balança você solicita mais quando escreve? Como é seu processo de escritura?
Com certeza, sou aquele tipo de escritor que o Dufrenne definiu como escritor-artesão. A inspiração é apenas um pequeno (mas necessário) ponto de partida: pode ser o desejo por tratar de certo tema; pode ser uma cena, ou frase, ou situação presenciada e/ou experienciada; pode até mesmo ser a encomenda de uma editora. O restante (que eu julgo principal, e sem o qual não temos história alguma) é planejamento.
Costumo arquitetar meus livros a partir de duas perguntas básicas: o que contar? Como contar? Na busca de tais respostas, articulo ações, personagens, trama e a cena final. Esta, geralmente, é a deflagradora da escrita. Se sei para onde conduzirei a narrativa, sinto-me “pronto” para me envolver com a criação daquele texto. Assim, o planejamento, sobretudo quando produzo textos maiores, é de fundamental importância no meu processo de escrita. Não que ele seja uma camisa-de-força. Não. É uma bússola, um mapa. E estes, por vezes, podem sugerir ou provocar algum desvio na rota, porém jamais uma mudança completa de rumo, pois aí a viagem seria outra e não aquela para a qual me preparei. Não acredito naquele processo de criação mais intuitiva, pelo menos o meu não é assim. Jamais abro mão de ser o condutor da travessia. Eu, o autor.
3. Sei que você é quase um escritor-caixeiro-viajante, desses que vive na estrada, sempre disposto a dialogar com os leitores que o solicitam. Qual o maior saldo desses encontros para vc?
Os encontros com os leitores sempre é rico. É a partir deles que sinto como minhas histórias e meus personagens vão ao encontro do leitor, pois, na maioria das vezes, escrevo para mim, escrevo por que sinto necessidade de dizer certas coisas, e de dizê-las da minha maneira. Assim, quando há sintonia entre o meu desejo e o daquele que me lê, tudo parece contribuir para o sucesso do livro. E, sempre que penso em sucesso de um livro, penso na sua capacidade de deleitar o leitor e de levá-lo a pensar sobre o mundo que o cerca, sobre si, sobre o outro.
Ah, e sem contar que, muitas vezes, o contato com os leitores vai além. Vários se tornam amigos, me adicionam nos seus orkuts, trocam ideias via msn e, por vezes, até viram personagens, como ocorreu com o Tadeu, de “Meu pai não mora mais aqui”.
Gosto deste contato com os leitores; ele é combustível. Quero sempre ser um escritor que exista e, para isso, preciso que minhas histórias sejam lidas, façam ecos nos corações dos leitores, criem neles o desejo de quero mais.
4. Escrevemos uma coleção (“Historinhas bem...”) à distância e a quatro mãos. Para mim foi um grande desafio durante todo o processo. Como foi essa vivência para você?
Com certeza, grande desafio. Produzir uma coleção que previa duas histórias em cada livro, ambas com o mesmo tema, apenas com o diferencial de dois olhares distintos: um feminino (o seu); outro masculino (o meu), e não ser repetitivo (visto que todas as histórias deveriam ter um narrador em 1ª pessoa) foi tarefa árdua. Todavia, prazerosa. Escrever tem sempre, acho, esta aura de desafio: será que daremos conta da história que nos vai por dentro? Será que as palavras escolhidas darão conta daquilo que desejamos escrever?
Confesso que quando recebi o convite, fiquei entre temeroso e atiçado. Era algo novo. Era algo a ser feito em parceria, mas não explicitamente a quatro mãos. Afinal, as escritas foram isoladas, cada um de nós tendo as premissas para a escrita, mas sem qualquer contato com a história que o outro estava produzindo. Uma sintonia mais de ideias, mais de perceber os caminhos possíveis de escrita, a fim de respeitar a criatividade sua e do outro. E isso tudo sem qualquer troca de palavras do tipo: bah, como tá a tua história? Experiência única até agora. Mas que, se possível, pretendo repetir.
quarta-feira, 7 de abril de 2010
A AEI-LIJ é Amiga do Livro
A Câmara Rio-Grandense do Livro premiará nossa AEI-LIJ como "Amiga do Livro", em cerimônia que irá acontecer dia 23 de abril de 2010, às 20 hs e 30 min, no auditório Érico Veríssimo do Instituto Cultural Brasileiro Norte-Americano.
A AEI-LIJ SP parabeniza a todos: direção, conselheiros e associados por mais esta conquista.
Um abraço,
Regina Sormani
MURAL 8 - ABRIL DE 2010
Jornada Dragões
Biblioteca Viriato Correa.
14h – Palestra: Os Dragões no Imaginário do leitor de fantasia – no Auditório. Com Rosana Rios.
16h – Exibição do filme “O Cavaleiro e o Dragão” – no Auditório.
17h – Tarde de autógrafos e coquetel do lançamento do livro “Sete perguntas para um dragão”, de Rosana Rios (Editora Prumo) – no Espaço Temático.
19h – Encerramento.
Os Dragões no Imaginário do leitor de fantasia
Dragões são provavelmente as criaturas míticas mais apreciadas pelo público leitor e cinéfilo. Seres dracônicos existem em mitos de civilizações antiqüíssimas e no folclore de povos afastados uns dos outros, do Oriente ao Ocidente, de Norte a Sul. Por que as pessoas são tão fascinadas por criaturas enormes e que teriam o poder de cuspir fogo? Por que os dragões nas histórias orientais são benéficos, enquanto os mitos ocidentais os mostram como destruidores? E São Jorge, existiu de verdade ou sua vida também é lendária? Vamos analisar alguns mitos de dragões e suas raízes, buscando entender o fascínio que eles apresentam para nós.
O Brincar e a Imaginação Poética
(11) 3814-5811
- Imaginação – a criação de outras realidades;
- As condições necessárias para se iniciar um texto literário;
- Portas abertas para a imaginação – o exercício do Palavroscópio
Com Regina Gulla, poeta e psicanalista, autora de Contos de Organza; do Manifesto do Sonhador; do Zelador de Sonhos (literatura para crianças) e outros. Coordena a Oficina de Criação Literária Gato de Máscara, no Atelier Gato de Máscara, Vila Madalena, e em instituições como as Bibliotecas Municipais de São Paulo e SESC; é fundadora da BILIGA –Biblioteca de Inventação Interativa on Line Gato de Máscara, aberta 24hs no