quarta-feira, 31 de outubro de 2012

QUEM CONTA UM CONTO

Olá!
Peço permissão para postar o conto de novembro, hoje, que é o último dia de outubro. O fato é que estamos em pleno Dia das Bruxas e a história da nossa associada ROSANA RIOS foi feito especialmente para a data. Assim, divirtam-se com a eletrizante história:


A DÉCIMA-TERCEIRA CRIANÇA


            Foi no dia das Bruxas.
            Véspera do dia de Todos os Santos.
            Véspera do dia de Finados.
            Enfim, era tempo de celebrar bruxas, zumbis, mortos-vivos, essas coisas legais.
            E a turma do condominio estava querendo aprontar...
            Aliás, a turma do condomínio estava sempre querendo aprontar. Eram doze crianças, com idades variando entre oito e treze anos. Ou eles se juntavam para jogar bola na quadra e acabavam destruindo alguma coisa – redes, muros, bolas – ou ensurdeciam os moradores durante as reuniões no salão de festas, com cantos, danças, disputas, truco e outras brincadeiras ruidosas.
            Mas eram uma turma do bem: não aprontavam por mal, apenas por serem saudáveis, cheios de energia. E essa energia estava borbulhante naqueles dias, pois a semana anterior tinha sido cheia de provas nos colégios de cada um. Assim, na última semana de outubro, primeira de novembro, a turma inteira apareceu na quadra, esfuziante de alegria e vontade de aprontar.
            Não demoraram nem cinco minutos para combinar que festejariam o Dia das Bruxas ao estilo noteamericano: indo de porta em porta no edifício, fantasiados de bruxas, fantasmas ou vampiros para pedir doces. Trick or treat. Doces ou travessuras.
            Estava anoitecendo quando eles se reuniram no saguão do prédio. Tinha de tudo: feiticeiras verdes, fantasmas pálidos, vampiros com sangue nos canrtos da boca, zumbis esfarrapados com maquiagem assustadora. Entusiasmados, rumaram para o primeiro andar, pelas escadas. A maioria dos moradores, que já sabiam da história, havia se prevenido com balas, bombons e chocolates...
            Só o que ninguém da turma notou foi que, naquele dia, eles não eram os doze de sempre. Havia uma criança a mais... sob uma máscara horrenda que ninguém sabia se era de duende, morto-vivo ou orc, um décimo-terceiro membro da turma apareceu, sabe-se lá de onde, com uma cestinha maior que a de todos, para recolher os doces.
            No começo, não perceberam. A cada apartamento visitado eles faziam caretas e grunhidos, recolhiam balas e chocolates e passavam ao próximo.
            Foi só quando estavam a caminho do décimo-terceiro andar que eles começaram a notar que suas cestinhas não estavam cheias de doce. Estranho, apesar de cada um ter recebido muitas balas, elas pareciam que sumiam... enquanto a cestinha da criança desconhecida estava lotada até a boca!
            Nas escadas, eles pararam. Contaram as cabeças. Um, dois, três... aé chegar ao treze.
            Quem era aquela menina (ou seria um menino)? Não era nem primo nem amigo de nenhum deles. E levava a grande cesta repleta de doces, enquanto as de todos estavam quase vazias!
            Todos olharam para a criança misteriosa, querendo fazer perguntas, e...
            Bem naquela hora as luzes da escadaria se apagaram.
            Pavor total. Foi grito de todo jeito, em todas as alturas, e a criançada toda despencou escadas acima, no escuro, deixando cair máscaras, cestinhas e tudo o mais pelo caminho!
            Assim que alcançaram o patamar superior as luzes automáticas se acenderam. Todos se entreolharam. Reconheceram-se. Contaram-se. Um, dois, três... onze, doze.
            Cadê o décimo-terceiro fantasiado?
            Tinha sumido... e com ele (ou ela?), todos os doces.
            Depois daquilo, a turma do condomínio sumiu por uns tempos. O prédio foi abençoado por um silêncio inédito. E nenhum dos doze jamais deu qualquer explicação para alguém a respeito do que aconteceu naquele Dia das Bruxas...

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