sábado, 10 de setembro de 2011

PÁGINA DO ROSPO — 3



A LUA E A SAPABELA








No brejo, Rospo, o sapo brejeiro, enamorado que só ele, tentava, com seus boleros de amor, conquistar a sempre tão distante e bela Lua.

Derramava ao luar a sua elegante voz.

Como se fosse o último romântico do século, tocava a sua viola e, bolerando, bolerando, declarava seu impossível amor pela insensível Lua, que no azul, distraída passeava.

Entre as folhagens, a Sapabela, entristecida, ouvia o sapo cantor e suspirava.

—“Que pena que ele só pensa na Lua. Se ao menos lembrasse que eu existo!”

E o sapo a cantar desabafava:

—“Não adianta! A lua nem ouve os meus boleros. Serei sempre um sapo solitário...”

E porque às vezes o amor está tão perto, mas a gente nem repara, o sapo continuava sonhando com a distante Lua, dedicando-lhe seus apaixonados boleros de amor, sem ao menos ouvir, atrás das folhagens, o palpitante coração da Sapabela.


MARCIANO VASQUES

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